O número de católicos no mundo continua crescendo,
mas em ritmo menor e não tanto quanto a população mundial. É o que revelaram as
estatísticas publicadas no Annuarium Statisticum Ecclesiae,
publicado pelo Vaticano. Como de costume, o Annuarium divulgado em 2018 traz as
estatísticas de dois anos atrás, isto é, do ano de 2016, e se baseia no número
de batizados. O relatório, portanto, não trata do número de pessoas adultas que
se declaram católicas.
Segundo os dados, o número de pessoas batizadas na
Igreja Católica cresce menos do que a população do globo. Ou seja, embora o
número absoluto de batizados católicos tenha passado de 1,285 bilhão em 2015
para 1,299 em 2016, a porcentagem de católicos no mundo diminuiu levemente de
17,73% para 17,67%.
Se analisarmos os números de cada continente, o
crescimento mais vertiginoso de católicos se dá na África, uma tendência que já
é verificada há alguns anos. Na dianteira do continente, estão a República
Democrática do Congo e a Nigéria, com respectivamente 44 e 28 milhões de
católicos. Em nenhum continente o número absoluto de batizados católicos decai
– nem mesmo na Europa, que registra estabilidade no número de católicos do
continente. Na Itália, na Polônia e na Espanha o número de batizados católicos
permanece em aproximadamente 90% da população.
Quinze países de quatro continentes são
especialmente representativos da população católica mundial, à medida em que
concentram 64% dos batizados católicos de todo o mundo – ou seja, cerca de 830
milhões de pessoas.
A América se consolida como o continente onde está
a maior parte dos católicos do mundo – nada menos do que 48,6%. 57,5% deles
estão na América do Sul, 28,4% na América Central e 14,1% na América do Norte.
O Brasil permanece sendo o país com mais batizados católicos em todo o mundo:
um em cada cinco católicos do continente americano é brasileiro.
Quando comparamos a distribuição dos católicos pelo
mundo com a distribuição dos padres, é possível notar ainda uma grande
discrepância. O gráfico praticamente se inverte, mostrando que 42,6% dos
presbíteros de todo o mundo estão na Europa, enquanto a América, especialmente
a meridional, sofre com uma relação desproporcional entre o número de batizados
católicos e o número de padres.
Os extremos também se verificam quando se compara o
tamanho das circunscrições eclesiásticas – os territórios em que a Igreja
Católica se divide, como dioceses, arquidioceses, prelazias e eparquias. Se na
Europa o tamanho médio de uma circunscrição é de 13 mil km² – uma área menor
que municípios como São Caetano do Sul (SP) ou Nilópolis (RJ) –, na Oceania a
média de territórios como esses é de 105 mil km² – uma área maior do que países
como Portugal, Coreia do Sul, Hungria ou Islândia.
O número de padres, que crescia ainda que pouco
entre 2010 e 2014, sofreu uma pequena diminuição de 0,2% entre 2014 e 2016.
Dependendo de cada continente, o impacto é maior: na Europa e na América do
Norte, o decréscimo foi de 2,8% e 2,7% respectivamente. A América do Sul, a
África e o Sudeste Asiático, porém, tiveram aumentos de 4 a 5% no número de
padres.
Entre os agentes pastorais catalogados pelo
documento, porém, são as religiosas professas que tiveram o decréscimo mais
significativo. Entre 2010 e 2016, o número de freiras no mundo todo caiu 8,7%.
Só na América do Norte, essa diminuição chega a 21%. Na Europa e na América do
Sul, foi respectivamente de 16% e de 11,8%. A África e o Sudeste Asiático, por
outro lado, viram um aumento no número de freiras, respectivamente de 9,2% e de
4,2%.
Os números relacionados aos padres variam entre os
presbíteros diocesanos (ligados diretamente ao bispo de uma diocese) e os
religiosos (que professam os votos em alguma ordem ou congregação, como os
jesuítas, os salesianos, os franciscanos ou os beneditinos). O número de padres
diocesanos cresceu 1,55% entre 2010 e 2016, enquanto o de religiosos sofreu uma
diminuição de 1,4% no mesmo período. Hoje, 67,9% dos presbíteros de todo o
mundo são diocesanos.
Outro decréscimo significativo é no número de
religiosos professos não-ordenados, isto é, os membros de ordens e congregações
religiosas masculinas que não são padres. Entre 2015 e 2016, esse número
diminuiu 3%. O número é estável na África, mas cai em todas as outras regiões.
Enquanto isso, os diáconos – homens, a maioria casados, que recebem o primeiro
grau do sacramento da ordem – são o grupo de agentes pastorais que mais cresce,
embora o Vaticano registre que regiões como a Ásia e a África dispõem de um
número muito pequeno de diáconos relativamente ao número de padres e de
batizados.
O número de bispos cresce de maneira estável,
atingindo em 2016 a marca de 5.353 em todo o mundo. Em todos os continentes
ocorre um aumento, que é bem pequeno na América do Norte (0,34%) e chega a
1,47% na América Central.
Já o número de seminaristas maiores (isto é,
aqueles que já concluíram o ensino médio), que havia crescido entre 2010 e
2012, diminui desde então. Apenas a África registra um aumento total entre 2010
e 2016. Em Madagascar e na Tanzânia, o número de seminaristas aumentou
respectivamente 65,6% e 39,5% nesse período. Na Ásia, o Vietnã registra um
aumento de 48,3%, mas a Coreia do Sul, por exemplo, vê um decréscimo de 30,2%.
A América é o continente com a proporção mais baixa, registrando 5,13
seminaristas a cada 100 mil católicos.