77,2 mil crianças estão em situação de vulnerabilidade social em SP


O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê direitos básicos para crianças e adolescentes, tais como dignidade, respeito e convivência familiar. Mesmo assim, apenas na cidade de São Paulo 77.290 crianças e adolescentes estão em situação de abuso, negligência e exploração. Deste total, 2,25% são do Centro, segundo o relatório A Criança no Centro: Um Retrato das Infâncias na cidade de SP.

Elaborado pela Visão Mundial, o relatório tem como objetivo retratar a realidade de crianças e adolescentes que convivem nos bairros da Sé, República, Anhangabaú, Santa Cecília e Campos Elíseos. Foram entrevistadas crianças que estão em situação de rua, pré-rua e aquelas que vivem com suas famílias ou cuidadores, mas estão em contato direto com a vulnerabilidade social do Centro de São Paulo.

O relatório abordou questões como insegurança alimentar, bem-estar, acesso à educação, maus tratos, trabalho infantil, falta de cuidado, contato precoce com as drogas e renda familiar.

A pesquisa foi dividida em duas partes: “achados”, que são crianças de 02 a 17 anos em situação de vulnerabilidade social, mas que vivem com seus cuidadores e participam de projetos sociais no Instituto Brasileiro de Transformação pela Educação (IBTE), na organização Novos Sonhos ou na Missão Cena, e “de, na e pré situação de rua”, adolescentes que frequentam espaços de extrema vulnerabilidade na Cracolândia, no Vale do Anhangabaú e na Sé.

Na “Achados”, 188 crianças e adolescentes, das três instituições juntas, e 92 cuidadores foram entrevistados, e na “De, Na e Pré Rua” foram 22 entrevistas.

Achados
Nos achados de 02 a 06 anos, no quesito sobre o local que mais gostam de ficar, 88% responderam que em casa. A rua é a preferência de 51% das crianças nessa faixa etária, principalmente meninos (60%). O estudo apontou que a rua apresenta um cenário de grande vulnerabilidade social, e também é o local onde a criança fica mais exposta ao risco de ter acesso às drogas.

Entre 07 e 11 anos, no quesito ‘Violência: Frequência Declarada’, ao todo, 70% das crianças e adolescentes afirmaram ser vítimas de violência doméstica. 40% das crianças desta faixa etária declaram que são responsáveis pelos irmãos da casa.

De 12 a 17 anos, no quesito ‘Bem-Estar e a Escada da Vida’, foi realizado um exercício com os jovens, no qual eles relacionam sua vida com uma escada de oito degraus, sendo um o pior degrau e oito o melhor. No total, 34% dos adolescentes afirmaram que estão prosperando, 50% deles estão lutando e 16% estão com baixa perspectiva.

A pesquisa constatou que, conforme a idade aumenta, maior é a consciência do jovem sobre os seus direitos negados. A falta de perspectiva pode levar o adolescente ao envolvimento com atividade ilícitas, depressão, drogas, gravidez precoce, entre outros.

De, Na e Pré Rua
Sobre a localização dos jovens, 59% se encontravam na região da Sé, 27% na região conhecida como Cracolândia e 14% no Vale do Anhangabaú. A pesquisa também analisou se os jovens estavam sob efeito de drogas no momento da entrevista e foi constatado que 36% não estavam sob o efeito de nenhum entorpecente, mas 64% consumiam algum tipo de droga. Entre os tipos de drogas mencionadas pelos entrevistados estão maconha, lança, thinner, cola, cocaína, bebida alcoólica e cigarro.

Quando perguntados sobre onde dormem, 41% responderam que dormem às vezes na rua e às vezes em casa; 27% na rua; 27% não responderam; e somente 5% em casa. Sobre a frequência escolar, 41% preferiram não responder, 36% largaram os estudos e 23% afirmaram que continuam na escola.


A Infância e Adolescência Missionária (IAM) é uma Obra Pontifícia fundada em 19 de maio de 1843, por Dom Carlos Forbin-Janson. Presentes nos cinco continentes, as crianças e adolescentes missionários cultivam o espírito missionário universal, recitando uma Ave Maria por dia e doando um dinheiro por mês.