Carlos Augusto Forbin-Janson nasceu em uma
família nobre francesa no dia 3 de novembro de 1785, durante um período
turbulento para a França. A Revolução Francesa, que começou em 1789, marcou
profundamente a vida de muitos católicos, especialmente aqueles de famílias
ligadas à Igreja e à aristocracia. Esse contexto de instabilidade e de
perseguição religiosa reforçou a fé de muitos e marcou o jovem Carlos, que
desde cedo foi exposto ao valor da fé católica e ao compromisso com os mais
necessitados.
Formação Religiosa e Vocação
Carlos ingressou no seminário em uma época em
que a França enfrentava profundas divisões políticas e religiosas. Mesmo com os
desafios impostos à Igreja, ele seguiu firme em sua formação, sendo ordenado
sacerdote em 1811. Em 1824, foi consagrado bispo de Nancy e Toul. Em seu
ministério episcopal, Dom Carlos se destacou por sua profunda espiritualidade e
por seu espírito pastoral, que incluía atenção especial às causas sociais e aos
direitos das crianças.
A Crise Religiosa e a Missão no Exterior
O episcopado de Dom Carlos ocorreu em um
período em que a Igreja enfrentava a questão de como evangelizar no mundo
pós-revolução e a ascensão das ideias secularistas. Durante suas viagens pela
Europa, Dom Carlos se deparou com relatos de missionários sobre as condições de
vida das crianças em regiões como Ásia e Américas, onde a Igreja enfrentava
dificuldades para chegar a áreas distantes e, muitas vezes, hostis ao
cristianismo.
Essas histórias sensibilizaram profundamente o
bispo, que começou a pensar em uma maneira de envolver as crianças da França na
missão de ajudar outras crianças, mesmo que a distância. Essa perspectiva era
inovadora e se alinhava com o desejo crescente na Igreja de encontrar formas de
evangelizar e apoiar as missões além das fronteiras europeias.
A Fundação da Infância Missionária
Em 19 de maio de 1843, Dom Carlos
Forbin-Janson fundou a obra que hoje conhecemos como Infância e Adolescência
Missionária (IAM), inicialmente chamada de "Santa Infância". A ideia
era simples, mas revolucionária: crianças de diferentes realidades econômicas e
sociais poderiam se unir em oração e gestos concretos para ajudar outras
crianças. A obra foi fundada sob o lema “Crianças ajudam e evangelizam
crianças,” incentivando as crianças da Europa a oferecer orações e pequenas
doações para as crianças de terras distantes.
Primeiros Passos e Expansão
A IAM rapidamente chamou a atenção de líderes
religiosos e fiéis leigos, expandindo-se pela Europa. Logo, a obra recebeu o
apoio do Papa e passou a integrar as Pontifícias Obras Missionárias (POM). A
missão não apenas evangelizava crianças, mas também promovia o sentimento de
solidariedade e fraternidade entre elas, valores fundamentais no cristianismo.
O Legado de Dom Carlos Forbin-Janson
Dom Carlos faleceu em 1844, apenas um ano após
a fundação da Infância Missionária. No entanto, sua obra já estava consolidada
o suficiente para sobreviver e crescer. Seu legado continua presente na IAM,
que até hoje inspira crianças e adolescentes ao redor do mundo a serem agentes
missionários e promotores da paz e da solidariedade em suas comunidades e para
além delas.
Reflexão Final
Dom Carlos Forbin-Janson foi um exemplo de amor e compromisso com a missão. Sua visão ultrapassou fronteiras e ajudou a solidificar a ideia de que todos, inclusive as crianças, podem ser missionários e transformar o mundo com pequenos gestos de fé e solidariedade. Que seu exemplo continue a inspirar novas gerações de pequenos missionários.