A infância de Jesus é cercada por mistérios. Não se tem muitos registros escritos sobre como viveu ou o que fez Jesus durante sua infância. Pela sua própria natureza escatológica, sabemos que foi Santa, contudo, fica o questionamento? O que devemos aprender sobre sua Santa infância?

Em sua obra “A infância de Jesus”, o emérito Papa Bento VXI tece alguns comentários que serão revisados neste pequeno e singelo artigo.

Depois da informação sobre a concepção de Maria, é confiado a José – um homem justo – um encargo: “Maria dará à luz a um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1, 21). Desta forma, ao “menino” é confiada uma missão divina, ligando-o diretamente a Deus, pois só este pode perdoar os pecados.

Lucas narra o nascimento de Cristo explicando o porquê de ter acontecido em Belém: um edito de César ordenando o recenseamento, com a finalidade de determinar e depois cobrar impostos, assim José e Maria saem de Nazaré para Belém. Então, Maria coloca o menino em uma manjedoura, de um modo ímpar. O povo de Israel, que esperava que Deus viesse em um berço de ouro, com armaduras e pronto para levar Israel à guerra e à glória de Davi, se depara com um Deus que nasce como refugiado, em um local simples, cuja a arma era a palavra e o olhar, na visão de Luc Ferry: a revolução do amor.

Após a visita dos Reis Magos, Herodes, “percebendo que fora enganado pelos magos, ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo o seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos” (Mt 2, 16). O que levara o recém-nascido Jesus e sua família a se refugiarem em outro lugar, desta vez o Egito.

Com a fuga para o Egito e o regresso à Terra Prometida, Jesus oferece o êxodo definitivo, iniciado anteriormente por Moisés. Em um sentido profundo, Jesus, filho de Deus, saiu Ele mesmo para o exílio, a fim de nos trazer todos para Casa do Pai.


Um fato importante a se registrar, e talvez o mais importante da Santa infância de Jesus, é a religiosidade de sua família. Os israelitas deveriam durante a Páscoa peregrinar até o Templo, com obrigatoriedade a partir dos 13 anos. Segundo Lucas (2, 41 e seguintes), Jesus se destacou aos 12. Na viagem de volta, acontece um imprevisto. Jesus não volta com seus pais, permanece em Jerusalém.

Quem é pai e mãe deve imaginar o sofrimento de José e Maria. Três dias após “perderem” o menino, encontraram-no sentado no meio de doutores e ensinando a eles. Todos que ouviam o menino Jesus ficaram admirados com sua sabedoria. Maria, possivelmente desesperada, foi dar uma lição de moral em Jesus, reclamando: “por que fizestes isto conosco? Teu pai e eu o procuramos por todas as partes!”. Jesus, como todo pré-adolescente, respondeu de maneira peculiar: “Por que me procuravam? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu pai?”.

Neste momento, singular na relação familiar, Jesus reconhece que, embora filho de Deus, ele tem dois pais a quem deve respeito na Terra. Sem que sua mãe precisasse dizer-lhe uma só palavra, continua Lucas: “E Jesus desceu com eles para Nazaré, pois era obediente. E sua mãe guardava no seu coração todas essas coisas” (Lc 2, 51). Jesus, Maria e José representam o tripé da Sagrada Família. O episódio mais famoso da infância de Cristo demonstra como ele era inteligente, mas também era obediente. Soube reconhecer a autoridade terrena de seus pais, e lhes respeitou.

Portanto, é óbvio que “Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça para com Deus e os homens”. No entanto, se há algo que podemos afirmar 2.000 anos após sua infância, é que a relação de amor e respeito de seus pais o ensinou para ser o homem divino que ele foi. Se Jesus conseguiu vencer o calvário de sua vida, foi porque diante dos pequenos calvários de sua infância ele teve a Sagrada Família para apoiá-lo.

Devemos, enquanto cristãos, nos fortalecermos e fundamentarmos nossa fé na base da família. Ela é quem nos guia, quem nos apoia. Através de Jesus, Maria e José aprendemos o caráter divino de uma família. E, nas palavras do Padre Zezinho, se uma criança vos perguntar o que é preciso para ser feliz, a resposta dos cristãos deve ser uníssona: “Amar como Jesus amou. Sonhar como Jesus sonhou. Pensar como Jesus pensou. Viver como Jesus viveu. Sentir o que Jesus sentia. Sorrir como Jesus sorria. E ao chegar o fim do dia, eu sei que dormiria muito mais feliz”.

FONTE: Segue-me