Testemunho Missionário: São Paulo Tchen, o Primeiro Mártir da Infância e Adolescência Missionária
A vida dos santos é fonte inesgotável de inspiração, e entre os testemunhos mais tocantes está o de São Paulo Tchen, reconhecido como o primeiro mártir da Infância e Adolescência Missionária (IAM). Sua história, marcada por fé inabalável e coragem diante da perseguição, nos transporta para um cenário de profundo compromisso com Cristo, mesmo em meio à dor e à ameaça de morte.
Quem foi São Paulo Tchen?
Nascido na China em meados do século XIX,
Paulo Tchen teve uma infância difícil, marcada por desafios sociais e
familiares. Ainda assim, desde muito jovem, demonstrou uma sensibilidade
especial à fé cristã, mesmo antes de ser batizado. Atraído pela beleza da vida
religiosa, insistiu em ser admitido no pequeno seminário, onde encontrou um
ambiente que o encantou profundamente.
Em uma das primeiras experiências ao chegar ao seminário, escreveu emocionado que se sentia como se estivesse entrando em um "santuário habitado por anjos". Ali, diante do altar, chorou de alegria. Ainda não batizado, já sentia em seu coração o chamado ao sacerdócio. Esse amor ao altar e à Eucaristia o acompanhará por toda a vida, inclusive nos momentos mais sombrios da perseguição.
O Chamado à Missão e o
Martírio
A sua trajetória de fé o levou à decisão firme
de seguir a vocação religiosa, mesmo quando sua família, especialmente seu pai,
o chamou de volta para trabalhar e ajudar financeiramente em casa. Paulo,
contudo, seguiu adiante, ingressando no grande seminário, onde continuou a
aprofundar-se na doutrina cristã e no amor a Deus.
Com a intensificação das perseguições aos
cristãos na China, Paulo foi preso junto com seus amigos Joseph e Jean-Baptiste,
também seminaristas. Na prisão, apesar dos maus-tratos e das ameaças, os três
jovens mantiveram-se firmes, irradiando serenidade e fé. A dor não os fez
vacilar. Pelo contrário, tornaram-se ainda mais luminosos em seu testemunho.
Poucos dias antes de sua execução, escreveram
uma carta emocionante ao bispo Dom Louis S. Faurie, Vigário Apostólico
de Kouy-Tchéou. Redigida em latim, a mensagem expressa sua entrega total a
Deus:
“Sentimos
que o dia se aproxima... há tanto silêncio à nossa volta... estamos serenos.
Vivemos uma paz extraordinária. Sentimos que o Senhor está conosco.”
Em 29 de julho de 1861, São Paulo Tchen foi decapitado por ódio à fé. Sua firmeza diante do martírio o tornou símbolo de coragem e fidelidade para toda a Igreja.
Reconhecimento da Igreja
A Igreja não tardou em reconhecer a grandeza
de sua vida e de seu testemunho. São Pio X o beatificou em 1908, junto
com outros companheiros mártires. Em 1º de outubro de 2000, São João Paulo
II canonizou Paulo Tchen juntamente com um grupo de mártires da China,
elevando-o definitivamente às honras dos altares.
Seu corpo foi trasladado para a Catedral de Notre-Dame, em Paris, onde repousa na Capela da Santa Infância, reforçando o elo entre sua vida e a missão da Obra da Santa Infância, hoje conhecida como Infância e Adolescência Missionária.
Legado para as Novas
Gerações
O testemunho de São Paulo Tchen é um
verdadeiro chamado aos adolescentes e jovens do mundo inteiro. Ele nos recorda
que o amor a Cristo deve ser maior do que qualquer medo, que a missão começa no
coração e que a santidade é possível mesmo na juventude.
Para os membros da IAM, ele é mais do que um
exemplo: é um intercessor, um companheiro de caminhada e um farol que aponta
para Cristo, luz do mundo. Sua história é, ao mesmo tempo, uma lição de fé, um
convite à esperança e uma prova viva de que vale a
pena dar a vida por Jesus.