Catecismo da Igreja Católica 1210-1321 ~ IAM - Infância e Adolescência Missionária (Colatina-ES)

Catecismo da Igreja Católica 1210-1321


SEGUNDA SEÇÃO

OS SETE SACRAMENTOS DA IGREJA

1210.         Os sacramentos da nova lei foram instituídos por Cristo e são sete: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Unção dos Enfermos, Ordem, Matrimónio. Os sete sacramentos atingem todas as etapas e todos os momentos importantes da vida do cristão: dão a vida de fé do cristão origem e crescimento, cura e missão. Nisto existe certa semelhança entre as etapas da vida natural e as da vida espiritual.

 

1211.         Seguindo esta analogia, exporemos, primeiro, os três sacramentos da iniciação cristã (Capítulo I), em seguida os sacramentos de cura (Capítulo II) e, após, os sacramentos que estão a serviço da comunhão e da missão dos fiéis (Capítulo III). Sem dúvida, esta disposição não é a única possível, mas ela permite ver que os sacramentos formam um organismo, no qual cada um especificamente tem seu lugar vital. Neste organismo, a Eucaristia ocupa um lugar único por ser “sacramento dos sacramentos”: “todos os demais sacramentos estão ordenados a este como a seu fim”.

CAPÍTULO I

OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ

 

1212.         Pelos sacramentos da iniciação cristã – Batismo, Confirmação e Eucaristia – são lançados os fundamentos de toda a vida cristã. “A participação na natureza divina, que os homens recebem como dom mediante a graça de Cristo, apresenta certa analogia com a origem, o desenvolvimento e a sustentação da vida natural. Os fiéis, de fato, renascidos no Batismo, são fortalecidos pelo sacramento da Confirmação e, depois, nutridos com o alimento da vida eterna na Eucaristia. Assim, por efeito destes sacramentos da iniciação cristã, estão em condições de saborear cada vez mais, os tesouros da vida divina e de progredir até alcançar a perfeição da caridade”.

ARTIGO 1

O SACRAMENTO DO BATISMO

 

1213.         O santo Batismo é o fundamento de toda a vida cristã, a porta da vida no Espírito (“vitae spiritualis ianua – porta da vida espiritual”) a porta que dá acesso aos demais sacramentos. Pelo Batismo, somos libertados do pecado e regenerados como filhos de Deus; tornamos membros de Cristo; somos incorporados à Igreja e feitos participantes de sua missão. “Baptismus est sacramentum regenerationis per aquam in verbo – O Batismo é o sacramento da regeneração mediante a água e a palavra”.

 

                        I.      Como é chamado este sacramento?

 

1214.         Ele é denominado Batismo com base no rito central pelo qual é realizado: batizar (“baptizem”, em grego) significa “mergulhar”, “imergir”. O “mergulho” na água simboliza o sepultamento do catecúmeno na morte de Cristo, da qual com Ele ressuscita como “nova criatura” (2 Cor 5, 17; Gl 6, 15).

 

1215.         Este sacramento é também denominado “o banho da regeneração e renovação no Espírito Santo” (Tt 3, 5), pois ele significa e realiza este nascimento, a partir da água e do Espírito, sem o qual ninguém “poderá entrar no Reino de Deus” (Jo 3, 5).

 

1216.         “Este banho é denominado iluminação, porque aqueles que recebem este ensinamento (catequético) têm o espírito iluminado…”. Depois de, no Batismo, receber o Verbo, “a luz verdadeira, que vindo ao mundo a todos ilumina” (Jo 1, 9), o batizado, “após ter sido iluminado”, se converte em “luz no Senhor” e em “luz” ele mesmo. (Ef 5, 8):

“O Batismo é o mais belo e o mais magnífico dom de Deus. […] Chamamo-lo de dom, graça, unção, iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, selo e de tudo o que há e existe de mais precioso. Dom, porque é conferido àqueles que nada trazem; graça, porque é dado até a culpados; batismo, porque o pecado é sepultado na água; unção, porque é sagrado e régio (tais são os que são ungidos); iluminação, porque é luz resplandecente; veste, porque cobre nossa vergonha; banho, porque lava; selo, porque nos guarda e é sinal do senhorio de Deus”.

 

                    II.      O Batismo na economia da salvação

 

AS PREFIGURAÇÕES DO BATISMO NA ANTIGA ALIANÇA

1217.         Na liturgia da noite pascal, quando da bênção da água batismal, a Igreja faz solenemente memória dos grandes acontecimentos da história da salvação que já prefiguravam o mistério do Batismo:

“Ó Deus, pelos sinais visíveis dos sacramentos realizais maravilhas invisíveis. Ao longo da história da salvação, vós vos servistes da água para fazer-nos conhecer a graça do Batismo”.

 

1218.         Desde a origem do mundo, a água, esta criatura humilde e admirável, é a fonte da vida e da fecundidade. A Sagrada Escritura a vê como “incubada” pelo Espírito de Deus:

“Já na origem do mundo, vosso Espírito pairava sobre as águas, para que elas concebessem a força de santificar”.

 

1219.         A Igreja viu, na arca de Noé, uma prefiguração da salvação pelo Batismo. Por ela, com efeito, “poucas pessoas – oito – foram salvas por meio da água” (1 Pd 3, 20):

“Nas próprias águas do dilúvio, prefigurastes o nascimento da nova humanidade, de modo que a mesma água sepultasse os vícios e fizesse nascer a santidade”.

 

1220.         Se a água de fonte simboliza a vida, a água do mar é um símbolo da morte, razão pela qual o mar podia prefigurar o mistério da cruz. Por este simbolismo, o Batismo significa a comunhão com a morte de Cristo.

 

1221.         É sobretudo a travessia do Mar Vermelho, verdadeira libertação de Israel da escravidão do Egito, que anuncia a libertação operada pelo Batismo:

“Concedestes aos filhos de Abraão atravessar o Mar Vermelho a pé enxuto, para que, livres da escravidão, prefigurassem o povo nascido na água do Batismo”.

 

1222.         Por fim, o Batismo é prefigurado na travessia do Jordão, pela qual o povo de Deus recebe o dom da terra prometida à descendência de Abraão, imagem da vida eterna. A promessa desta herança bem-aventurada realiza-se na Nova Aliança.

 

O BATISMO DE CRISTO

1223.         Todas as prefigurações da antiga aliança encontram sua realização em Cristo Jesus. Ele começa sua vida pública depois de se ter feito batizar por São João Batista, no Jordão. Após sua ressurreição, ele confere esta missão aos Apóstolos: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado” (Mt 28, 19-20).

 

1224.         Nosso Senhor submeteu-se voluntariamente ao batismo de São João, destinado aos pecadores, para “cumprir toda a justiça”. Este gesto de Jesus é uma manifestação de seu “aniquilamento”. O Espírito que pairava sobre as águas da primeira criação desce então sobre Cristo, como prelúdio da nova criação, e o Pai manifesta Jesus como seu “filho amado”.

 

1225.         Com sua páscoa, Cristo abriu a todos os homens as fontes do Batismo. Com efeito, já havia falado da paixão que iria sofrer em Jerusalém como de um “batismo”, com o qual devia ser batizado. O sangue e a água que escorreram do lado transpassado de Jesus crucificado são sinais do Batismo e da Eucaristia, sacramentos da vida nova: desde então é possível “nascer da água e do Espírito” para entrar no Reino de Deus (Jo 3, 5).

“Vê, quando és batizado, donde vem o Batismo, se não da cruz de Cristo, da morte de Cristo. Lá está todo o mistério: ele sofreu por ti. É nele que és redimido, é nele que és salvo e, por tua vez, te tornas salvador”.

 

O BATISMO NA IGREJA

1226.         A partir do dia de Pentecostes, a Igreja celebrou e administrou o santo Batismo. Com efeito, São Pedro declara à multidão impressionada com sua pregação: “Convertei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos vossos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2, 38). Os Apóstolos e seus colaboradores oferecem o Batismo a todo aquele que crer em Jesus: judeus, tementes a Deus, pagãos. O Batismo aparece sempre ligado à fé: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, como também todos os de sua casa”, declara São Paulo a seu carcereiro em Filipos. O relato prossegue: “E, imediatamente, foi batizado, junto com todos os seus familiares”   (At 16, 31-33).

 

1227.         Segundo o Apóstolo São Paulo, o crente comunga, pelo Batismo, na morte de Cristo; é sepultado e ressuscita com ele:

“Batizados no Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados. Pelo Batismo fomos sepultados com ele na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela ação gloriosa do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova” (Rm 6, 3-4).

Os batizados “vestiram-se de Cristo”. Pelo Espírito Santo, o Batismo é um banho que purifica, santifica, justifica.

 

1228.         O Batismo é, pois, um banho de água, no qual “a semente incorruptível” da Palavra de Deus produz seu efeito vivificante. Santo Agostinho diz do Batismo: “Accedit verbum ad elementum, et fit sacramentum – Una-se a palavra ao elemento, e acontece o sacramento”.

 

                 III.      Como é celebrado o sacramento do batismo?

 

A INICIAÇÃO CRISTÃ

1229.         Tornar-se cristão, eis algo que se realiza, desde os tempos dos Apóstolos, por um itinerário e uma iniciação que passa por várias etapas. Este itinerário pode ser percorrido com rapidez ou lentamente. Deverá sempre comportar alguns elementos essenciais: o anúncio da Palavra; o acolhimento do Evangelho, que traz consigo a conversão; a profissão de fé; o Batismo; a efusão do Espírito Santo; o acesso à Comunhão Eucarística.

 

1230.         Esta iniciação tem variado muito, ao longo dos séculos, e de acordo com as circunstâncias. Nos primeiros séculos da Igreja, a iniciação cristã conheceu grande desenvolvimento com prolongado período de catecumenato e uma sequência de ritos preparatórios. Estes balizavam liturgicamente a caminhada da preparação catecumenal e desembocavam na celebração dos sacramentos da iniciação cristã.

 

1231.         Quando o Batismo das crianças tornou-se amplamente a forma habitual da celebração deste sacramento, esta passou a ser um único ato que integra, de maneira muito resumida, as etapas prévias à iniciação cristã. Por sua própria natureza, o Batismo das crianças exige um catecumenato pós-batismal. Não se trata somente da necessidade de uma instrução posterior ao Batismo, mas do desabrochar necessário da graça batismal no crescimento da pessoa. É o lugar próprio da catequese.

 

1232.         O Concílio do Vaticano II restaurou, para a Igreja latina, “o catecumenato dos adultos, distribuído em várias etapas”. Encontram-se tais ritos no “Ordo initiationis christianae adultorum” (Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos). O Concílio permitiu que, “além dos elementos de iniciação fornecida pela tradição cristã”, fossem admitidos, “em terras de missão, estes outros elementos de iniciação cristã, cuja prática constatamos em cada povo, na medida em que possam ser adaptados ao rito cristão”.

 

1233.         Atualmente, portanto, em todos os ritos latinos e orientais, a iniciação cristã dos adultos começa desde sua entrada no catecumenato, atingindo seu ponto culminante em uma única celebração dos três sacramentos: Batismo, Confirmação, Eucaristia. Nos ritos orientais, a iniciação cristã das crianças começa no Batismo, seguido imediatamente pela Confirmação e pela Eucaristia. No rito romano, ela prossegue durante os anos de catequese, para terminar, mais tarde, com a Confirmação e a Eucaristia, ápice de sua iniciação cristã.

 

A MISTAGOGIA DA CELEBRAÇÃO

1234.         O significado e a graça do sacramento do Batismo aparecem com clareza nos ritos de sua celebração. Acompanhando, com atenta participação, os gestos e as palavras desta celebração, os fiéis são iniciados nas riquezas que este sacramento significa e realiza em cada novo batizado.

 

1235.         O sinal da cruz, no limiar da celebração, assinala a marca de Cristo naquele que vai pertencer-lhe e significa a graça da redenção que Cristo nos proporcionou por sua cruz.

 

1236.         O anúncio da Palavra de Deus ilumina, com a verdade revelada, os candidatos e a assembleia, e suscita a resposta da fé, inseparável do Batismo. Com efeito, o Baptismo é, de maneira especial, o “sacramento da fé”, uma vez que é a entrada sacramental na vida da fé.

 

1237.         Visto que o Batismo significa a libertação do pecado e de seu instigador, o diabo, pronuncia-se um (ou vários) exorcismo(s) sobre o candidato. Este é ungido com o óleo dos catecúmenos ou então o celebrante impõe-lhe as mãos e o candidato renuncia explicitamente a satanás. Assim preparado, ele pode confessar a fé da Igreja, à qual será “confiado” pelo Batismo.

 

1238.         A água batismal é então consagrada por uma oração de epiclese (seja no próprio momento, seja na noite pascal). A Igreja pede a Deus que, por seu Filho, o poder do Espírito Santo desça sobre esta água, para que os que nela forem batizados nasçam “da água e do Espírito” (Jo 3, 5).

 

1239.         Segue então o rito essencial do sacramento: o Batismo propriamente dito, que significa e realiza a morte ao pecado e a entrada na vida da Santíssima Trindade, por meio da configuração ao mistério pascal de Cristo. O Batismo realizado da maneira mais significativa pela tríplice imersão na água batismal. Desde a Antiguidade, no entanto, ele pode também ser conferido derramando-se, por três vezes, a água sobre a cabeça do candidato.

 

1240.         Na Igreja latina, esta tríplice infusão é acompanhada das palavras do ministro: “N..., eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Nas liturgias orientais, estando o catecúmeno voltado para o nascente, o ministro diz: “O servo de Deus, N..., é batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. À invocação de cada pessoa da Santíssima Trindade, o ministro mergulha o candidato na água e o retira dela.

 

1241.         A unção com o santo crisma, óleo perfumado consagrado pelo Bispo, significa o dom do Espírito Santo ao novo batizado. Este tornou-se um cristão, isto é, “ungido” do Espírito Santo, incorporado a Cristo, que é ungido sacerdote, profeta e rei.

 

1242.         Na liturgia das Igrejas do Oriente, a unção pós-batismal é o sacramento da Crisma (Confirmação). Na liturgia romana, porém, esta primeira unção anuncia outra, a do santo Crisma, que será feita pelo Bispo, isto é, o sacramento da Confirmação, que, por assim dizer, “confirma” e completa a unção batismal.

 

1243.         A veste branca simboliza que o batizado “vestiu-se de Cristo”: ressuscitou com Cristo. A vela, acesa no círio pascal, significa que Cristo iluminou o neófito. Em Cristo, os batizados são “a luz do mundo” (Mt 5, 14).

 O novo batizado é agora filho de Deus no Filho Único. Pode rezar a oração dos filhos de Deus: O Pai-Nosso.

 

1244.         A primeira comunhão eucarística – uma vez feito filho de Deus, revestido da veste nupcial, o neófito é admitido “ao festim das bodas do Cordeiro” e recebe o alimento da vida nova, o Corpo e Sangue de Cristo. As Igrejas orientais mantêm viva consciência da unidade da iniciação cristã, dando a santa Comunhão a todos os novos batizados e confirmados, mesmo às crianças, lembrando-se da palavra do Senhor: “Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais” (Mc 10, 14). A Igreja latina, que reserva a santa Comunhão aos que atingiram a idade da razão, exprime a abertura do Batismo para a Eucaristia aproximando do altar a criança recém-batizada para a oração do Pai-nosso.

 

1245.         A benção solene conclui a celebração do Batismo. Por ocasião do Batismo de recém-nascidos, a bênção da mãe ocupa um lugar especial.

 

                 IV.      Quem pode receber o Batismo?

 

1246.         “É capaz de receber o Batismo toda pessoa ainda não batizada, e somente ela”.

 

O BATISMO DOS ADULTOS

1247.         Desde as origens da Igreja, o Batismo dos adultos é a situação mais normal nas terras onde o anúncio do Evangelho é ainda recente. O catecumenato (preparação para o Batismo) ocupa então um lugar importante. Sendo iniciação à fé e à vida cristã, deve dispor para o acolhimento do dom de Deus no Batismo, na Confirmação e na Eucaristia.

 

1248.         O catecumenato, ou formação dos catecúmenos, tem por finalidade permitir-lhes que, em resposta à iniciativa divina e em união com uma comunidade eclesial, levem a conversão e a fé à maturidade.  Trata-se de uma “formação à vida cristã integral [...] pela qual os discípulos são unidos a Cristo, seu mestre. Por isso, os catecúmenos devem ser iniciados [...] nos mistérios da salvação e na prática de uma vida evangélica, e introduzidos, mediante ritos sagrados celebrados em épocas sucessivos, na vida da fé, da liturgia e da caridade do povo de Deus”.

 

1249.         Os catecúmenos “já estão unidos à Igreja, já pertencem à casa de Cristo, não sendo raro levarem uma vida de fé, esperança e caridade”. “A mãe Igreja já os envolve, como seus, em seu amor, os cercando de cuidados”.

 

O BATISMO DAS CRIANÇAS

1250.         Por nascerem com uma natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, também as crianças precisam do novo nascimento no Batismo, a fim de serem libertadas do poder das trevas e serem transferidas para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, para a qual todos os homens são chamados. A gratuidade pura da graça da salvação é particularmente manifesta no Batismo das crianças. A Igreja e os pais assim privariam a criança a graça inestimável de se tornar filha de Deus, se não lhe conferissem o Batismo pouco depois do seu nascimento.

 

1251.         Os pais cristãos hão de reconhecer que esta prática corresponde também à sua função de alimentar a vida que Deus lhes confiou.

 

1252.         A prática de batizar as crianças é uma tradição imemorial da Igreja. É atestada explicitamente desde o século II. É bem possível, porém, que, desde o início da pregação apostólica, quando “casas” inteiras receberam o Batismo, também se tenham batizado as crianças.

 

FÉ E BATISMO

1253.         O Batismo é o sacramento da fé – A fé, no entanto, tem necessidade da comunidade dos crentes. Cada um dos fiéis só pode crer dentro da fé da Igreja. A fé que se requer para o Batismo não é uma fé perfeita e madura, mas um começo, que deve se desenvolver. Ao catecúmeno ou a seu padrinho é feita a pergunta: “Que pedes à Igreja de Deus?”. E ele responde: “A fé!”.

 

1254.         Em todos os batizados, crianças ou adultos, a fé deve crescer após do Batismo. Por isso, a Igreja celebra, a cada ano, na noite pascal, a renovação das promessas batismais. A preparação para o Batismo leva apenas ao limiar da vida nova. O Batismo é a fonte da vida nova em Cristo, fonte esta da qual brota toda a vida cristã.

 

1255.         Para que a graça batismal possa desenvolver, é importante a ajuda dos pais. Este é também o papel do padrinho ou da madrinha, que devem ser cristãos firmes, capazes e prontos a ajudar o novo batizado, criança ou adulto, em sua caminhada na vida cristã. A tarefa deles é uma verdadeira função eclesial (“officium”). A comunidade eclesial inteira tem uma parcela de responsabilidade no desenvolvimento e na conservação da graça recebida no Batismo.

 

                     V.      Quem pode batizar?

 

1256.         São ministros ordinários do Batismo, o Bispo e o presbítero e, na Igreja latina, também o diácono. Em caso de necessidade, qualquer pessoa, mesmo não batizada, que tenha a intenção exigida, pode batizar, utilizando a fórmula batismal trinitária. A intenção requerida é querer fazer o que a Igreja faz quando batiza. A Igreja vê a razão desta possibilidade na vontade salvífica universal de Deus e na necessidade do Batismo para a salvação.

 

                 VI.      A necessidade do Batismo

 

1257.         O Senhor mesmo afirma que o Batismo é necessário para a salvação. Ele também ordenou a seus discípulos que anunciassem o Evangelho e batizassem todas as nações. O Batismo é necessário, para a salvação daqueles aos quais o Evangelho foi anunciado e que tiveram a possibilidade de pedir este sacramento. A Igreja não conhece outro meio senão o Batismo para garantir a entrada na bem-aventurança eterna. Por isso, ela cuida de não negligenciar a missão que recebeu do Senhor, de fazer “renascer da água e do Espírito” todos aqueles que podem ser batizados. Deus vinculou a salvação ao sacramento do Batismo, mas ele mesmo não está vinculado a seus sacramentos.

 

1258.         Desde sempre, a Igreja mantém a firme convicção de que as pessoas que morrem em razão da fé, sem terem recebido o Batismo, são batizadas por sua morte por e com Cristo. Este Batismo de sangue, como o desejo do Batismo, acarreta os frutos do Batismo, sem ser sacramento.

 

1259.         Para os catecúmenos que morrem antes de seu Batismo, seu desejo explícito de recebê-lo, juntamente com o arrependimento de seus pecados e a caridade, garante-lhes a salvação que não puderam receber pelo sacramento.

 

1260.         “Sendo que Cristo morreu por todos e que a vocação última do homem é realmente uma só, a saber, divina, devemos sustentar que o Espírito Santo oferece a todos, de um modo que só Deus conhece, a possibilidade de se associarem ao Mistério Pascal”. Todo homem que, desconhecendo o Evangelho de Cristo e sua Igreja, procura a verdade e cumpre a vontade de Deus, segundo o conhecimento que tem delas, pode ser salvo. Pode-se supor que tais pessoas teriam desejado explicitamente o Batismo, se tivessem tido conhecido da necessidade de recebê-lo.

 

1261.         Quanto às crianças mortas sem Batismo, a Igreja só pode confiá-las à misericórdia de Deus, como o faz no rito das exéquias por elas. Com efeito, a grande misericórdia de Deus, “quer que todos sejam salvos” (1 Tm 2, 4), e a ternura de Jesus para com as crianças, o levou a dizer: “Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais” (Mc 10, 14), nos permitem esperar que haja um caminho de salvação para as crianças mortas sem Batismo. Eis, por que é tão premente o apelo da Igreja de não impedir as crianças de virem a Cristo pelo dom do santo Batismo.

 

              VII.      A graça do Batismo

 

1262.         Os diferentes efeitos do Batismo são significados pelos elementos sensíveis do rito sacramental. O mergulho na água faz apelo ao simbolismo da morte e da purificação, mas também da regeneração e da renovação. Os dois efeitos principais são, pois, a purificação dos pecados e o novo nascimento no Espírito Santo.

 

PARA A REMISSÃO DOS PECADOS...

1263.         Pelo Batismo, todos os pecados são perdoados: o pecado original e todos os pecados pessoais, bem como todas as penas do pecado. Com efeito, naqueles que foram regenerados não resta nada que os impeça de entrar no Reino de Deus: nem o pecado de Adão, nem o pecado pessoal, nem as sequelas do pecado, das quais a mais grave é a separação de Deus.

 

1264.         No batizado, porém, certas consequências temporais do pecado permanecem, tais como os sofrimentos, a doença, a morte, assim como a propensão ao pecado, que a Tradição chama de concupiscência ou, metaforicamente, o “incentivo do pecado” (“fomes peccati”): “Deixada para os nossos combates, a concupiscência não é capaz de prejudicar aqueles que, não consentindo nela, resistem com coragem pela graça de Cristo. Mais ainda: “o atleta, na luta esportiva, só recebe a coroa, se lutar segundo as regras” (2 Tm 2, 5)”.

 

UMA CRIATURA NOVA

1265.         O Batismo não somente purifica de todos os pecados, mas também faz do neófito “uma criatura nova”, um filho adotivo de Deus que se tornou “participante da natureza divina”, membro de Cristo e coerdeiro com ele, templo do Espírito Santo.

 

1266.         A Santíssima Trindade dá ao batizado a graça santificante, a graça da justificação, a qual

– torna-o capaz de crer em Deus, de esperar nele e amá-lo, por meio das virtudes teologais;

–  concede-lhe o poder de viver e agir sob a moção do Espírito Santo por seus dons;

– permite-lhe crescer no bem pelas virtudes morais.

Assim, todo o organismo da vida sobrenatural do cristão tem a sua raiz no santo Batismo.

 

INCORPORADOS À IGREJA, CORPO DE CRISTO

1267.         O Batismo nos faz membros do corpo de Cristo. “Somos membros uns dos outros.” (Ef 4, 25). O Batismo incorpora à Igreja. Das fontes batismais, nasce o único povo de Deus da nova aliança, que supera todos os limites naturais ou humanos das nações, das culturas, das etnias e dos sexos: “Fomos batizados num só Espírito, para formarmos um só corpo” (1 Cor 12, 13).

 

1268.         Os batizados tornaram-se “pedras vivas” para a construção de “um edifício espiritual, um sacerdócio santo” (1 Pe 2, 5). Pelo Batismo, participam do sacerdócio de Cristo, de sua missão profética e régia – “sois a gente escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele adquiriu, a fim de que proclameis os grandes feitos daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa” (1 Pe 2, 9). O Batismo faz participar do sacerdócio comum dos fiéis.

 

1269.         Feito membro da Igreja, o batizado não se pertence mais a si mesmo, mas àquele que morreu e ressuscitou por nós. É, portanto, chamado a submeter-se aos outros, a servi-los na comunhão da Igreja, a ser “obediente e dócil” aos chefes da Igreja e a considerá-los com respeito e afeição. Assim como o Batismo é fonte de responsabilidade e de deveres, o batizado também goza de direitos dentro da Igreja: receber os sacramentos; ser alimentado com a Palavra de Deus; ser sustentado pelos outros auxílios espirituais da Igreja.

 

1270.         “Tornados filhos de Deus pela regeneração (batismal), (os batizados) são obrigados a professar, diante dos homens, a fé que pela Igreja receberam de Deus” e a participar da atividade apostólica e missionária do povo de Deus.

 

O VÍNCULO SACRAMENTAL DA UNIDADE DOS CRISTÃOS

1271.         O Batismo constitui o fundamento da comunhão entre todos os cristãos, também com os que ainda não estão em comunhão plena com a Igreja católica: “Com efeito, aqueles que creem em Cristo e foram validamente batizados acham-se em certa comunhão, embora não perfeita, com a Igreja católica. [...] Justificados ela fé no Batismo, são incorporados em Cristo e, por isso, com razão, são honrados com o nome de cristãos e, merecidamente, reconhecidos pelos filhos da Igreja católica como irmãos no Senhor”. “O Batismo constitui, pois, o vínculo sacramental da unidade que liga todos os que foram regenerados por ele”.

 

UM SINAL ESPIRITUAL INDELÉVEL…

1272.         Incorporado em Cristo pelo Batismo, o batizado é configurado a Cristo. O Batismo sela o cristão com o sinal espiritual indelével (“character”) de sua pertença a Cristo. Pecado algum apaga esta marca, ainda que possa impedir o Batismo de produzir frutos de salvação. Dado uma vez por todas, o Batismo não pode ser reiterado.

 

1273.         Incorporados à Igreja pelo Batismo, os fiéis receberam o caráter sacramental que os consagra para o culto religioso cristão. O selo batismal capacita e compromete os cristãos a servirem a Deus, em uma participação viva na sagrada liturgia da Igreja, e a exercerem seu sacerdócio batismal pelo testemunho de uma vida santa e de uma caridade eficaz.

 

1274.         O “selo do Senhor” (“Dominicus character”) é o selo com o qual o Espírito Santo nos marcou “para o dia da redenção” (Ef 4, 30). “O Batismo, com efeito, é o selo da vida eterna”. O fiel que tiver “guardado o selo” até o fim, isto é, que tiver permanecido fiel às exigências de seu Batismo, poderá caminhar, “marcado pelo sinal da fé”, com a fé de seu Batismo, à espera da visão feliz de Deus – consumação da fé – e na esperança da ressurreição.

 

Resumindo:

 

1275.         A iniciação cristã realiza-se pelo conjunto de três sacramentos: o Batismo, que é o início da vida nova; a Confirmação, que é sua consolidação; a Eucaristia, que alimenta o discípulo com o Corpo e o Sangue de Cristo, em vista de sua transformação nele.

 

1276.         “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado” (Mt 28, 19-20).

 

1277.         O Batismo constitui o nascimento para a vida nova em Cristo. Segundo a vontade do Senhor, ele é necessário para a salvação, como a própria Igreja, na qual o Batismo introduz.

 

1278.         O rito essencial do Batismo consiste em mergulhar na água o candidato ou em derramar água sobre sua cabeça, pronunciando a invocação da Santíssima Trindade, isto é, do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

 

1279.         O fruto do Batismo ou graça batismal é uma realidade rica que comporta: a remissão do pecado original e de todos os pecados pessoais; o renascimento para a vida nova, pelo qual o homem torna-se filho adotivo do Pai, membro de Cristo, templo do Espírito Santo. Com isto, o batizado é incorporado à Igreja, corpo de Cristo, e torna-se participante do sacerdócio de Cristo.

 

1280.         O Batismo imprime na alma um sinal espiritual indelével, o caráter; que consagra o batizado ao culto da religião cristã. Em razão do caráter, o Batismo não pode ser reiterado.

 

1281.         Os que morrem por causa da fé, os catecúmenos e todos os homens que sob o impulso da graça, sem conhecerem a Igreja, procuram com sinceridade a Deus e se esforçam por cumprir a vontade dele podem ser salvos, mesmo que não tenham recebido o Batismo.

 

1282.         Desde os tempos mais antigos, o Batismo é administrado às crianças, pois é uma graça e um dom de Deus que não supõem méritos humanos; as crianças são batizadas na fé da Igreja. A entrada na vida cristã dá acesso à verdadeira liberdade.

 

1283.         Quanto às crianças mortas sem Batismo, a liturgia da Igreja nos convida a ter confiança na misericórdia divina e a orar por sua salvação.

 

1284.         Em caso de necessidade, qualquer pessoa pode batizar, desde que tenha a intenção de fazer o que faz a Igreja, e que derrame água sobre a cabeça do candidato, dizendo: “Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.

ARTIGO 2

O SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO

 

1285.         Juntamente com o Batismo e a Eucaristia, o sacramento da Confirmação constitui o conjunto dos “sacramentos da iniciação cristã”, cuja unidade deve ser salvaguardada. É preciso, por isso, explicar aos fiéis que a recepção deste sacramento é necessária à consumação da graça batismal. Com efeito, “pelo sacramento da Confirmação [os fiéis] são vinculados mais perfeitamente à Igreja, enriquecidos pela força especial do Espírito Santo, e assim mais estritamente obrigados a difundir e a defender a fé com palavras e atos, como verdadeiras testemunhas de Cristo”.

 

                        I.          A Confirmação na economia da salvação

 

1286.         No Antigo Testamento, os profetas anunciaram que o Espírito do Senhor repousaria sobre o Messias esperado em vista de sua missão salvífica. A descida do Espírito Santo sobre Jesus, por ocasião de seu Batismo por João Batista, foi o sinal de que era ele aquele que devia vir, que ele era o Messias; o Filho de Deus. Concebido do Espírito Santo, toda a sua vida e toda a sua missão realizam-se em comunhão total com o mesmo Espírito, que o Pai lhe dá “sem medida” (Jo 3, 34).

 

1287.         Ora, esta plenitude do Espírito não devia ser apenas a do Messias; devia ser comunicada a todo o povo messiânico. Cristo prometeu, por várias vezes, esta efusão do Espírito, promessa que realizou primeiro no dia de Páscoa e, em seguida, de maneira mais marcante, no dia de Pentecostes. Repletos do Espírito Santo, os Apóstolos começaram a proclamar “as maravilhas de Deus” (At 2, 11), e Pedro começou a declarar que esta efusão do Espírito é o sinal dos tempos messiânicos. Os  que então creram na pregação apostólica e se fizeram batizar, também receberam o dom do Espírito Santo.

 

1288.         “Desde então, para cumprir a vontade de Cristo, os Apóstolos comunicaram aos neófitos, pela imposição das mãos, o dom do Espírito que leva a graça do Batismo à sua consumação. Por isso, na Epístola aos Hebreus, entre os elementos da primeira instrução cristã, encontra-se a doutrina sobre os batismos e também sobre a imposição das mãos. A imposição das mãos é, com razão, reconhecida pela tradição católica como a origem do sacramento da Confirmação que, de certo modo, perpetua, na Igreja, a graça de Pentecostes”.

 

1289.         Bem cedo, para melhor significar o dom do Espírito Santo, acrescentou-se à imposição das mãos uma unção com óleo perfumado (crisma). Esta unção justifica o nome de “cristão”, que significa “ungido” e que deriva a sua origem do próprio nome de Cristo, ele que “foi ungido por Deus com o Espírito Santo” (At 10, 38). Este rito da unção existe até os nossos dias, tanto no Oriente como no Ocidente. Este sacramento é denominado, no Oriente, de Crismação, unção com crisma, ou “mýron”, que significa “crisma”. No Ocidente, o termo Confirmação sugere que este sacramento, a um só tempo, confirma o Batismo e consolida a graça batismal.

 

DUAS TRADIÇÕES: O ORIENTE E O OCIDENTE

1290.         Nos primeiros séculos, a Confirmação geralmente constitui uma só celebração com o Batismo, formando com este, segundo a expressão de São Cipriano, um “sacramento duplo”. Entre outros motivos, a multiplicação dos batizados de crianças, estendendo-se por todo o ano, e a multiplicação das paróquias (rurais), que amplia as dioceses, não permitem mais a presença do Bispo em todas as celebrações batismais. No Ocidente, visto que se deseja reservar ao Bispo a complementação do Batismo, instaurou-se a separação dos dois sacramentos em dois diferentes momentos. O Oriente manteve juntos os dois sacramentos, tato que a Confirmação é ministrada pelo presbítero que batiza, o qual, todavia, não pode fazê-lo senão como o “mýron” consagrado por um Bispo.

 

1291.         Um costume da Igreja de Roma facilitou o desenvolvimento da prática ocidental graças à dupla unção com o santo crisma depois do Batismo. A primeira unção, realizada pelo presbítero sobre o neófito, quando este sair do banho batismal, conduz à segunda unção feita pelo Bispo, na fronte de cada um dos novos batizados. A primeira unção com o santo crisma, a que é dada pelo presbítero, permaneceu ligada ao rito batismal. Ela significa a participação do batizado nas funções profética, sacerdotal e régia de Cristo. Se o Batismo é conferido a um adulto, há uma só unção pós-batismal, a da Confirmação.

 

1292.         A prática das Igrejas do Oriente sublinha mais claramente a unidade da iniciação cristã. A da Igreja latina exprime mais nitidamente a comunhão do novo cristão com o seu Bispo – garantia e servo da unidade de sua Igreja, de sua catolicidade e de sua Apostolicidade – e, consequentemente, o vínculo com as origens apostólicas da Igreja de Cristo.

 

                    II.          Os sinais e o rito da Confirmação

 

1293.         No rito deste sacramento, convém considerar o sinal da unção e aquilo que a unção designa e imprime: o selo espiritual. A unção, no simbolismo bíblico e antigo, é rica de significados: o óleo é sinal de abundância e de alegria, ele purifica (unção antes e depois do banho) e torna ágil (unção dos atletas e dos lutadores), é sinal de cura, pois ameniza as contusões e as feridas, ele faz irradiar beleza, saúde e força.

 

1294.         Todos esses significados da unção com óleo voltam a se encontrar na vida sacramental. A unção com o óleo dos catecúmenos, antes do Batismo, significa purificação e fortalecimento; a unção dos enfermos exprime a cura e o reconforto. A unção com o santo crisma depois do Batismo, na Confirmação e na Ordenação é sinal de consagração. Pela Confirmação, os cristãos, isto é, os que são ungidos, participam mais intensamente da missão de Jesus e da plenitude do Espírito Santo, de que Jesus é cumulado, a fim de que toda a sua vida dele exale “o bom perfume de Cristo”.

 

1295.         Por esta unção, o confirmando recebe “a marca”, o selo do Espírito Santo. O selo é o símbolo da pessoa, sinal de sua autoridade, de sua propriedade sobre um objeto. Assim, os soldados eram marcados com o selo de seu chefe, e os escravos com o de seu proprietário. O selo autentica um ato jurídico ou um documento e o torna eventualmente secreto.

 

1296.         Cristo mesmo se declara marcado com o selo de seu Pai. Igualmente o cristão está marcado por um selo – “É Deus que nos confirma, a nós e a vós, em nossa adesão a Cristo, como também é Deus que os ungiu. Foi ele que imprimiu em nós a sua marca e nos deu como garantia o Espírito derramado em nossos corações” (2 Cor 1, 21-22; cf. Ef 1,13; 4,30). Este selo do Espírito Santo marca a pertença total a Cristo, o coloca-se a seu serviço, para sempre, mas também é a promessa da proteção divina na grande provação escatológica.

 

A CELEBRAÇÃO DA CONFIRMAÇÃO

1297.         Um momento importante que antecede a celebração da Confirmação, mas que, de certo modo, dela faz parte, é a consagração do santo crisma. O Bispo, na Quinta-feira Santa, durante a Missa do Crisma, consagra o santo crisma para toda a sua diocese. Nas Igrejas do Oriente, esta consagração é reservada ao Patriarca:

A liturgia de Antioquia exprime assim a epiclese da consagração do santo crisma (“mýron”): “[Pai… envia o vosso Espírito Santo] sobre nós e sobre este óleo que está diante de nós e o consagrai, a fim de que seja para todos os que forem ungidos e marcados por ele: “mýron” santo, “mýron” sacerdotal, “mýron” régio, unção de alegria, a veste da luz, o manto da salvação, o dom espiritual, a santificação das almas e dos corpos, a felicidade imperecível, o selo indelével, o escudo da fé e o capacete invencível contra todas as obras do adversário”.

 

1298.         Quando a Confirmação é celebrada em separado do Batismo, como ocorre no rito romano, a liturgia do sacramento começa com a renovação das promessas batismais e com a profissão de fé dos confirmandos. Assim aparece, com clareza, que a Confirmação situa-se na sequência do Batismo. Quando um adulto é batizado, recebe imediatamente a Confirmação e participa da Eucaristia.

 

1299.         No rito romano, o Bispo estende as mãos sobre o conjunto dos confirmandos, gesto que, desde o tempo dos Apóstolos, é sinal do dom do Espírito. Cabe ao Bispo invoca a efusão do Espírito:

“Deus Todo-Poderoso, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que pela água e pelo Espírito Santo fizestes renascer estes vossos servos, libertando-os do pecado, enviai-lhes o Espírito Santo Paráclito; dai-lhes, Senhor, o espírito de sabedoria e inteligência, o espírito de conselho e fortaleza, o espírito de ciência e piedade – e enchei-os do espírito do vosso temor. Por Cristo nosso Senhor”.

 

1300.         Segue-se o rito essencial do sacramento. No rito latino, “o sacramento da Confirmação é conferido pela unção do santo crisma na fronte, com a imposição da mão e por estas palavras:

Accipe signaculum doni Spiritus Sancti”, – “N, recebe, por este sinal, o selo do Espírito Santo, o dom de Deus”. Nas Igrejas orientais de rito bizantino, a unção do μύρoυ (“mýron”) faz-se depois de uma oração de epiclese sobre as partes mais significativas do corpo: a fronte, os olhos, o nariz, os ouvidos, os lábios, o peito, as costas, as mãos e os pés, sendo cada unção acompanhada da fórmula, Σφραγίζ δωραζ ò υεύμαç Άγίoυ” (“Signaculum doni Spiritus Sancti – Selo do dom do Espírito Santo”).

 

1301.         O beijo da paz, que encerra o rito do sacramento, significa e manifesta a comunhão eclesial com o Bispo e com todos os fiéis.

 

                 III.          Os efeitos da Confirmação

 

1302.         Da celebração ressalta que o efeito do sacramento da Confirmação é a efusão especial do Espírito Santo, como outrora foi outorgado aos Apóstolos, no dia de Pentecostes.

 

1303.         Por isso, a Confirmação produz crescimento e aprofundamento da graça batismal:

– nos enraíza mais profundamente na filiação divina, que nos faz dizer “Abbá, Pai” (Rm 8,15), e nos une mais solidamente a Cristo;

– aumenta em nós os dons do Espírito Santo;

– torna mais perfeita nossa vinculação com a Igreja;

– nos dá uma força especial do Espírito Santo, para difundir e defender a fé pela palavra e pela ação, como verdadeiras testemunhas de Cristo; para confessar com valentia o nome de Cristo; para nunca sentir vergonha em relação à cruz:

“Lembra-te, portanto, que recebeste o sinal espiritual, o Espírito de sabedoria e de inteligência, o Espírito de conselho e força, o Espírito de conhecimento e de piedade, o Espírito do santo temor, e conserva o que recebeste. Deus Pai te marcou com seu sinal, Cristo Senhor te confirmou e colocou em teu coração o penhor do Espírito”.

 

1304.         Como o Batismo, do qual é consumação, a Confirmação é dada uma só vez, pois imprime na alma uma marca espiritual indelével, o “caráter”, que é o sinal de que Jesus Cristo assinalou um cristão com o selo de seu Espírito, o revestindo da força do alto para ser sua testemunha.

 

1305.         O “caráter” aperfeiçoa o sacerdócio comum dos fiéis, recebido no Batismo, e “o confirmado recebe o poder de confessar a fé de Cristo publicamente, e como que em virtude de um ofício (‘quasi ex ofício’)”.

 

                 IV.          Quem pode receber este sacramento?

 

1306.         Todo batizado ainda não confirmado pode e deve receber o Sacramento da Confirmação. Pelo fato de o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia formarem uma unidade, segue-se que “os fiéis têm obrigação de receber, o devido tempo, esse sacramento”, pois sem a Confirmação e a Eucaristia, o sacramento do Batismo é, sem dúvida, válido e eficaz, mas a iniciação cristã fica inacabada.

 

1307.         Há séculos, o costume latino indica “a idade da razão” como ponto de referência para se receber a Confirmação. Todavia, em perigo de morte deve-se confirmar as crianças, mesmo que ainda não tenham atingido o uso da razão.

 

1308.         Se, às vezes, se fala da Confirmação como “sacramento da maturidade cristã”, nem por isso e deve confundir a idade adulta da fé com a idade adulta do crescimento natural, nem esquecer que a graça batismal é uma graça de eleição gratuita e imerecida, que não precisa de “ratificação” para se tornar efetiva. Santo Tomás recorda isto: “A idade do corpo não constitui um prejuízo para a alma. Assim, mesmo na infância, o homem pode receber a perfeição da idade espiritual da qual fala o livro da Sabedoria (4, 8): “velhice venerável não é a de uma longa duração e nem se mede pelo número de anos”. Assim, é que muitas crianças, graças à força do Espírito Santo que haviam recebido, lutaram corajosamente, e até o sangue, por Cristo”.

 

1309.         A preparação para a Confirmação deve visar conduzir o cristão à união mais íntima com Cristo, à familiaridade mais intensa com o Espírito Santo, sua ação, seus dons e seus chamados, a fim de poder assumir melhor as responsabilidades apostólicas da vida cristã. Por isso, a catequese da Confirmação se empenhará em despertar o senso de pertença à Igreja de Jesus Cristo, tanto à Igreja universal como à comunidade paroquial. Esta última tem especial responsabilidade na preparação dos confirmandos.

 

1310.         Para receber a Confirmação, é preciso estar em estado de graça. Convém recorrer ao sacramento da Penitência para ser purificado, em vista do dom do Espírito Santo. Uma oração mais intensa deve preparar para receber, com docilidade e disponibilidade, a força e as graças do Espírito Santo.

 

1311.         Para a Confirmação, assim como para o Batismo, convém que os candidatos procurem a ajuda espiritual de um padrinho ou de uma madrinha. Convém que seja o mesmo do Batismo, a fim de marcar bem a unidade dos dois sacramentos.

 

                     V.          O ministro da Confirmação

 

1312.         O ministro originário da Confirmação é o Bispo. No Oriente, é normalmente o presbítero batizante que também ministra imediatamente a Confirmação, em uma única e mesma celebração. Porém ele o faz com o santo crisma consagrado pelo Patriarca ou pelo Bispo, o que exprime a unidade apostólica da Igreja, cujos vínculos são reforçados pelo sacramento da Confirmação. Na Igreja latina, aplica-se a mesma disciplina nos batizados de adultos, ou quando se admite à comunhão plena com a Igreja um batizado de outra comunidade cristã, que não recebeu validamente o sacramento da Confirmação.

 

1313.         No rito latino, o ministro ordinário da confirmação é o Bispo. Embora o Bispo possa, quando houver necessidade, conceder aos presbíteros a faculdade de administrar a Confirmação, é conveniente que ele mesmo o confira, não esquecendo que foi por este motivo que a celebração da Confirmação foi separada temporalmente do Batismo. Os Bispos são os sucessores dos Apóstolos, receberam a plenitude do sacramento da Ordem. A administração da Confirmação pelos Bispos marca bem que este sacramento tem como efeito unir aqueles que o receberam mais intimamente à Igreja, às suas origens apostólicas e à sua missão de dar testemunho de Cristo.

 

1314.         Se um cristão estiver em perigo de morte, um presbítero pode dar-lhe a Confirmação. Com efeito, a Igreja não quer que nenhum de seus filhos, mesmo se de tenra idade, deixe este mundo sem ter se tornado perfeito, pelo Espírito Santo, com o dom da plenitude de Cristo.

 

Resumindo:

 

1315.         “Os Apóstolos que estavam em Jerusalém souberam que a Samaria acolhera a palavra de Deus e enviaram para lá Pedro e João. Chegando ali, oraram pelos habitantes de Samaria, para que recebessem o Espírito Santo. Pois o Espírito ainda não viera sobre nenhum deles; só tinham recebidos o batismo no nome do Senhor Jesus. Pedro e João impuseram-lhes as mãos, eles receberam o Espírito Santo” (At 8, 14-17).

 

1316.         A Confirmação aperfeiçoa a graça batismal. Este é o sacramento que dá o Espírito Santo para nos enraizar, mais profundamente, na filiação divina; nos incorporar mais firmemente a Cristo; tornar mais sólida nossa vinculação com a Igreja; associar mais intensamente à sua missão; nos ajudar a dar testemunho da fé cristã pela palavra, acompanhada das obras.

 

1317.         A Confirmação, como o Batismo, imprime, na alma do cristão, um sinal espiritual ou caráter indelével, razão pela qual só se pode receber este sacramento uma vez na vida.

 

1318.         No Oriente, este sacramento é administrado imediatamente depois do Batismo e seguido da participação na Eucaristia, tradição que põe em destaque a unidade dos três sacramentos da iniciação cristã. Na Igreja latina, administra-se este sacramento quando atingida a idade da razão. Normalmente, se reserva sua celebração ao Bispo, significando assim que este sacramento reafirma o vínculo eclesial.

 

1319.         Um candidato à Confirmação, que tiver atingido a idade da razão, deve professar a fé; estar em estado de graça; ter a intenção de receber o sacramento; estar preparado para assumir sua função de discípulo e de testemunha de Cristo, na comunidade eclesial e nas ocupações temporais.

 

1320.         O rito essencial da Confirmação é a unção com o santo crisma na fronte do batizado (no Oriente, também sobre outros órgãos dos sentidos), com a imposição da mão do ministro e as palavras: “Accipe signaculum doni Spiritus Sancti”, “Recebe, por este sinal, o Dom do Espírito Santo”, no rito romano, e “Signaculum doni Spiritus Sancti”, “Selo do dom do Espírito Santo”, no rito bizantino.

 

1321.         Quando a Confirmação é celebrada em separado do Batismo, sua vinculação com este é expressa, entre outras coisas, pela renovação dos compromissos batismais. A celebração da Confirmação durante a Eucaristia contribui para sublinhar a unidade dos sacramentos da iniciação cristã.


A Infância e Adolescência Missionária (IAM) é uma Obra Pontifícia fundada em 19 de maio de 1843, por Dom Carlos Forbin-Janson. Presentes nos cinco continentes, as crianças e adolescentes missionários cultivam o espírito missionário universal, recitando uma Ave Maria por dia e doando um dinheiro por mês.