Uma manhã de sábado muito alegre na Casa da Mãe! O Santuário Nacional recebeu grupos da Infância e Adolescência Missionária (IAM) de todo o Brasil. Os pequenos missionários celebraram os 180 anos da obra, que tem por objetivo fortalecer o espírito da levar a Palavra de Deus até outras crianças em todo o mundo.
No dia 30 de setembro foi celebrada no Altar Central a Santa Missa das 9h em ação de graças a iniciativa. Mais de 3 mil pequenos peregrinos vieram de forma espontânea, a partir da realidade e da forma de organização de cada grupo.
Antes de virem para a Capital Mariana da Fé, em preparação ao momento celebrativo, os grupos da Infância e Adolescência Missionária organizaram encontros e receberam uma vela, símbolo escolhido para ser sinal que faça memória da missão de cada pequeno que evangeliza em suas paróquias.
O presidente da celebração foi Dom Maurício Jardim, referencial para a Ação Missionária e a Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Já no início da homilia, o bispo de Rondonópolis-Guiratinga (MT) ressaltou que a Palavra de Deus e a missão são inseparáveis. "Viemos de tantos lugares para celebrar aqui em Aparecida, na Casa da Mãe, os 180 anos da Infância e Adolescência Missionária e abertura do mês missionário. Aprendemos de Maria a escutar a Palavra de Deus e fazer tudo o que seu Filho nos disser. Queremos ser uma Igreja da escuta da Palavra! Ou seja, escutar mais do que falar! Na Palavra, o discípulo missionário de Jesus encontra luz e vida para o seu caminho".
Detalhando sobre o IAM, Dom Maurício também falou que o trabalho de crianças e adolescentes evangelizadores não é apenas local. "A missão é universal e aberta, não se esgota apenas na paróquia! Nosso coração se abre para a missão no mundo todo! Todo mundo pode rezar, colaborar financeiramente, colaborar com o mundo que sofre uma guerra, um mundo que tem necessidades! Cooperamos com a missão de Deus, primeiro pela oração, depois a ajuda material e em seguida enviando pessoas para as Dioceses! IAM, esse é o vosso carisma: recordar que a missão não tem fronteiras!"
Ao fim da homilia, o bispo diz que a criança não é só o futuro da Igreja, mas sim um testemunho atual de entrega a missão de evangelizar. "Deixemo-nos evangelizar pelas crianças e adolescentes. Rezemos e agradecemos ao serviço do IAM, e que continuemos a ajudar a Igreja a viver sua natureza missionária, tanto local até os confins do mundo!"
A diretora nacional das Pontifícias Obras Missionárias, Irmã Regina da Costa Pedro, em entrevista ao A12 fala da importância em agradecer pelos 180 anos da Obra, aos pés da Mãe Aparecida. "Quando lembramos da santa infância de Jesus, também lembramos de Maria! Por isso estamos aqui, reunidos com crianças do Brasil inteiro, por isso nada mais significativo do que estarmos aqui na Casa da Mãe. No IAM, os pequenos são protagonistas da evangelização, eles mesmos evangelizam e se encontram com Jesus. Cada criança descobre com a outra que pode rezar e ajudar outras crianças ao redor do mundo. Quantos pais e mães se aproximam da Igreja, através dos próprios filhos".
E nada melhor do que os protagonistas dessa obra falarem da alegria em evangelizar através da amizade, e da própria linguagem da criança e do adolescente. Cristian Oliveira Rodrigues, de apenas 13 anos, da Diocese de Hortolândia (SP), falou ao A12 do trabalho realizado no grupo da paróquia Nossa Senhora Auxiliadora. "A gente fala sobre a Igreja e sobre Jesus, e dentro da missão temos uma dinâmica na qual o integrante do grupo quando recebe um valor da mãe ou do pai, ele coloca parte desse dinheiro num cofrinho da IAM, e que é enviado pras crianças de outro continente. Nós temos outras atividades, como brincadeiras, leitura, partilha sobre o compromisso da obra. É importante evangelizar desde cedo porque assim, as crianças tendem a continuar na Igreja, e quem sabe ali pode nascer uma vocação para a Igreja".
Segundo o seminarista Edson Danilo, coordenador da IAM na Diocese de Mossoró (RN), a peregrinação é muito mais do que uma simples vela que é levada em caminhada entre as pessoas. “A vela é sinônimo de vida testemunhada e doada. A cada encontro, nossos pequenos eram impactados de alguma forma com a ideia de que aquele momento não era somente particular, local deles, mas que naquele mesmo momento vários outros grupos estavam vivenciando aquela mesma oração e desejo de agradecer a Deus por todos esses anos de evangelização. Da mesma forma, é importante destacar a busca por gerar dignidade de vida a cada criança e adolescente por meio do seu protagonismo, que buscam entender a si mesmas e ao mundo a sua volta”, destacou o coordenador.
A Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária foi fundada em 19 de maio de 1843, quando Dom Carlos Forbin-Janson, então bispo de Nancy (França), ficou sensibilizado com a realidade descrita pelos missionários que evangelizaram na China, com uma estreita ligação desde a adolescência.
Para atender ao pedido, Dom Carlos convocou as crianças francesas para ajudar outras crianças. Com essa inquietação missionária, o bispo conversou com Paulina Jaricot, fundadora da Pontifícia Obra da Propagação da Fé. Assim, os pequenos comprometeram-se em rezar uma Ave-Maria por dia pelas crianças da China e a ajudá-las com uma moeda ao mês, como expressão de caridade cristã e solidariedade universal.
Em 1922, o Papa Pio XI declarou a Obra da Santa Infância como “Pontifícia”, ou seja, ela difere da atividade apostólica transitória, pois sua organização e testemunho são aprovados e assumidos como obra evangelizadora a serviço de toda a Igreja.
Nas paróquias, os grupos são formados por até 12 crianças ou adolescentes, organizados por proximidade de faixas etárias. Os missionários tem sempre o acompanhamento de um assessor adulto. Os integrantes de cada grupo, além de escolher uma equipe de coordenação para dinamizar os encontros, farão a distribuição dos compromissos necessários para o bom andamento do grupo.