A mortalidade infantil no Brasil voltou a crescer.
O índice foi de 13,3 mortes por mil habitantes em 2015 para 14 mortes por
mil habitantes em 2016, segundo o próprio Ministério da Saúde. Não ocorria um
aumento na taxa nacional desde 1990. Ela indica o número de bebês que morreram
antes de completar um ano de vida a cada mil crianças nascidas vivas num dado
período de tempo. É considerado um indicador da qualidade de alguns serviços
oferecidos para a população, como os serviços na área da saúde.
O crescimento não pode ser observado como um leve
aumento de casas decimais. Ele significa e evidencia que a saúde pública está
falhando no que diz respeito ao acompanhamento médico durante a gestação e nos
primeiros momentos da vida da criança, principalmente com as parcelas mais
vulneráveis da sociedade.
O professor Paulo Rogério Gallo, do Departamento de
Saúde, Ciclos de Vida e Sociedade da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP,
afirma que as taxas brasileiras estavam diminuindo e enfatiza que o problema da
mortes de bebês antes de completarem um ano é uma consequência do crescimento
das desigualdades sociais no País, que atinge as mulheres das camadas mais
afetadas.
“O aumento é significativo no sentido de mostrar
que há problemas nas políticas públicas e na assistência às gestações e ao
parto. A gente chega num momento em que não há mais como reduzir — ou esconder
— a tamanha desigualdade social vivida no Brasil”, explicou Gallo ao Jornal da
USP.
As reduções anteriores na taxa de mortalidade
infantil, segundo o professor, estavam relacionadas justamente a adoções de
medidas que acompanhavam a saúde materno-infantil de forma efetiva e à melhora
na condição de vida da sociedade como um todo.
Para ele, cuidar da mortalidade infantil em suas
causas é garantir que a condição de vida no Brasil esteja se tornando
igualitária e ideal para todos, tanto no setor econômico e social como,
principalmente, na saúde. E garantindo, assim, um melhor desenvolvimento das
crianças e do País.
Fonte: Jornal da
USP