BATE PAPO COM MADRE TERESA DE CALCUTÁ

Nascida na Macedônia em 1910, Teresa de Calcutá dedicou sua vida a salvar os pobres da Índia, país que escolheu para desempenhar seu trabalho. Recebeu, em 1979, o Prêmio Nobel da Paz e foi beatificada em 2003 pelo papa João Paulo II. Faleceu em 1997.
Quantas são atualmente as Missionárias da Caridade?
Temos 3604 irmãs professoras e 411 noviças, em seis noviciados: Calcutá, Filipinas, Tanzânia, Polônia, Roma e Estados Unidos. As postulantes são 260. No total, somos 4275 Missionárias da Caridade, distribuídas em 119 países. As nossas irmãs pertencem a 79 nacionalidades. Contamos com 560 tabernáculos, ou casas.
A senhora costuma dizer que não há amor sem sofrimento...
Sim, o verdadeiro amor faz sofrer. Cada vida, e cada vida familiar, deve ser vivida honestamente. Isso supõe muitos sacrifícios e muito amor. Porém, ao mesmo tempo, esses sofrimentos vêm sempre acompanhados de muita paz.
Quando a paz reina em um lar, ali se encontra também a alegria, a unidade e o amor. Como se pode levar uma vida familiar normal sem paz e sem unidade?
Nesse sentido, a oração de São Francisco é muito atual. Não vivemos nas mesmas circunstâncias, mas o que Francisco pedia responde perfeitamente às necessidades da nossa época. Em Calcutá, rezamos essa oração todos os dias, depois da comunhão. Penso em todos os homens e mulheres que necessitam de amor. “Senhor, fazei-nos dignos de ser instrumentos da verdadeira paz, que é a vossa paz”.
A sua congregação abriu casas para pessoas com Aids em várias partes do mundo...
Sim, entre outros lugares, nos Estados Unidos, na Itália, no Zaire e, evidentemente, na Índia. Até pouco tempo atrás, não era raro que pessoas se suicidassem quando ficavam sabendo que tinham o vírus da Aids. Hoje, nenhum enfermo acolhido em nossas casas morre no desespero e na amargura. Todos, inclusive os não católicos, morrem na paz do Senhor. Isso não é maravilhoso?
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Por que tantas jovens entram para a sua congregação?
Eu creio que elas apreciam, sobretudo, a nossa vida de oração. Rezamos quatro horas por dia. Elas também conhecem e veem o que fazemos pelos pobres. Não se trata de trabalhos importantes e impressionantes. O que fazemos é muito discreto, mas nós o fazemos pelos mais pequenos.
A senhora é uma pessoa muito popular. Nunca se cansa de tanta gente, fotografias...?
Considero isso um sacrifício, e também uma benção para a sociedade. Eu e Deus fizemos um contrato para cada foto que tiram de mim, Ele liberta uma alma no Purgatório... (risos)... Eu creio que, nesse ritmo, em breve, o Purgatório estará vazio...
Viajar pelo mundo cercada de tanta publicidade é cansativo e duro. Porém, eu utilizo tudo o que se me apresenta para a glória de Deus e o serviço aos mais pobres. É preciso que alguém pague esse preço.
Que mensagem gostaria ainda de nos deixar?
Amem-se uns aos outros como Jesus ama a cada um de vocês. Não tenho nada que acrescentar à mensagem que Jesus nos transmitiu. Para poder amar, é preciso ter um coração puro e é preciso rezar. O fruto da oração é o aprofundamento da fé. O fruto da fé é o amor. E o fruto do amor é o serviço ao próximo. Isso nos conduz à paz.
Tabernáculo: habitação, faz referências ao lugar sagrado dos hebreus quando viviam no deserto.
A Infância e Adolescência Missionária (IAM) é uma Obra Pontifícia fundada em 19 de maio de 1843, por Dom Carlos Forbin-Janson. Presentes nos cinco continentes, as crianças e adolescentes missionários cultivam o espírito missionário universal, recitando uma Ave Maria por dia e doando um dinheiro por mês.