Quaresma é a designação do período de quarenta dias que antecedem a principal celebração do cristianismo: a Páscoa, a ressurreição de Jesus Cristo, que é comemorada no domingo e praticada desde o século IV.
A Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina na Quinta-feira Santa. Durante os quarenta dias que precedem a
Semana Santa e a Páscoa, os cristãos dedicam-se à reflexão, a conversão
espiritual e se recolhem em oração e penitência para lembrar os 40 dias
passados por Jesus no deserto e os sofrimentos que ele suportou na cruz.
Durante a Quaresma a Igreja veste seus ministros com vestimentas de cor
roxa, que simboliza tristeza e dor. A quarta feira de cinzas é um dia usado
para lembrar o fim da própria mortalidade. É costume serem realizadas missas
onde os fiéis são marcados na testa com cinzas. Essa marca normalmente
permanece na testa até o pôr do sol. Esse simbolismo faz parte da tradição
demonstrada na Bíblia, onde vários personagens jogavam cinzas nas suas cabeças
como prova de arrependimento.
Na Bíblia, o número quarenta é bastante frequente, para representar
períodos de 40 dias ou quarenta anos, que antecedem ou marcaram fatos
importantes: 40 dias de dilúvio, quarenta dias de Moisés no Monte Sinai, 40
dias de Jesus no deserto antes de começar o seu ministério, 40 anos de
peregrinação do povo de Israel no deserto.
Cerca de duzentos anos após o nascimento de Cristo, os cristãos
começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e
jejum. Por volta do ano 350 a Igreja aumentou o tempo de preparação para
quarenta dias e foi assim que surgiu a Quaresma.
Nesse período somos chamados a convertermos ao projeto de Deus, ouvindo
e acolhendo sua palavra sempre viva e eficaz. Nesse tempo de preparação para a
Páscoa, precisamos deixar a vida velha, e viver uma vida nova, a partir de três
práticas que nos são propostas: o jejum, a oração e a caridade.
No evangelho de Mateus 6,1-6.16-18, o Senhor nos ensina a maneira certa
de praticar o jejum, a oração e a caridade, pedindo-nos que o façamos de
coração e não para mostrarmos aos homens, e sim ao Pai que estás no céu.
Vejamos:
- Caridade - Mateus 6,2-4
- Oração - Mateus 6,5-6
- Jejum - Mateus 6,16-18
1. Oração, mortificação e caridade
A oração é uma condição indispensável para o encontro com Deus. Na
oração, o cristão entra em diálogo íntimo com o Senhor, deixa que a graça entre
em seu coração e, como Maria, abre-se para a oração do Espírito cooperando com
ela em sua resposta livre e generosa (ver Lc 1,38).
A mortificação se realiza cotidianamente e sem a necessidade de fazer
grandes sacrifícios. Com ela, são oferecidos a Cristo aqueles momentos que
geram desânimo no transcorrer do dia e se aceita com humildade, gozo e alegria,
todas as diversidades que chegam.
Da mesma forma, saber renunciar a certas coisas legítimas ajuda a viver
o desapego e desprendimento. Dentro dessa prática quaresmal, estão o jejum e a
abstinência que serão explicados mais adiante.
A caridade é necessária como refere São Leão Magno: “Se desejamos chegar
à Páscoa santificados em nosso ser, devemos pôr um interesse especialíssimo na
aquisição desta virtude, que contém em si as demais e cobre multidão de
pecados”.
Sobre esta prática, São João Paulo II explica que este chamado a dar
“está enraizado no mais profundo do coração humano: toda pessoa sente o desejo
de colocar-se em contato com os outros e se realiza plenamente quando se dá
livremente aos demais”.
2. O jejum e a
abstinência
O jejum consiste em fazer uma refeição forte por dia, enquanto a
abstinência consiste em não comer carne. Com ambos os sacrifícios, reconhecemos
a necessidade de fazer obras para reparar o dano causado por nossos pecados e
para o bem da Igreja.
Além disso, de forma voluntária, deixam-se de lado necessidades terrenas
e se redescobre a necessidade da vida do céu. “Não só de pão vive o
homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4,4).
O jejum não proíbe de tomar um pouco de alimento na parte da manhã e à
noite. É obrigatório dos 18 aos 59 anos.
Por outro lado, a abstinência, embora proíba o consumo de carne, não é o
caso de ovos, leite e qualquer condimento feito a partir de gorduras animais. O
jejum é obrigatório a partir de 14 anos de idade.
3. A Quaresma começa com a Quarta-feira de Cinzas e termina na
Quinta-feira Santa
Na Quarta-feira de Cinzas começam os 40 dias de preparação para a
Páscoa. Após a Missa, o sacerdote abençoa e impõe as cinzas feitas de
ramos de oliveira abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior.
Estas são impostas fazendo o sinal da cruz na testa e dizendo as palavras
bíblicas: “Lembra-te que és pó e ao pó retornarás” ou “Convertei-vos e crede no
Evangelho”. Desta forma, a cinza é um sinal de humildade e recorda ao cristão
sua origem e seu fim.
A Quaresma termina na Quinta-feira Santa. Nesse dia, a Igreja recorda a
Última Ceia do Senhor, quando Jesus de Nazaré compartilhou a refeição pela
última vez com seus apóstolos antes de ser crucificado na Sexta-feira Santa.
4. A duração da Quaresma
está baseada na simbologia do número 40 na Bíblia
Os 40 dias da Quaresma representam o mesmo número de dias que Jesus
passou no deserto antes de começar sua vida pública, os quarenta dias do
dilúvio, os quarenta dias da marcha do povo judeu pelo deserto, os quarenta
dias de Moisés e Elias na montanha e os 400 anos que durou a estadia dos judeus
no Egito.
Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material, seguido de
zeros significa o tempo de nossa vida na terra, seguido de provas e
dificuldades.
5. Na Quaresma, a cor litúrgica é o roxo
A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência. É
um tempo de reflexão, penitência, conversão espiritual; tempo para preparar o
mistério pascal.
Quaresma de São Miguel
A Quaresma de São Miguel é um período de 40 dias que começa no dia 15 de
Agosto e vai até 29 de Setembro. A Quaresma de São Miguel foi criada por São
Francisco de Assis, em 1224. É um período de jejuns e orações, inspirado pelo
Arcanjo Miguel. São Francisco de Assis acreditava que o arcanjo Miguel tinha a
função de salvar almas no último instante e também tinha a capacidade de
retirar almas do purgatório.