Santa Teresinha do Menino Jesus
Santa Teresinha do Menino Jesus nasceu em 2 de
janeiro de 1873, na cidade de Alençon, na França. Sua família vivia com base em
princípios cristãos e se destacava pelo cuidado mútuo e pela solidariedade com
os mais necessitados.
Durante a infância, Teresinha teve uma vida
semelhante à de outras crianças, mas chamava atenção pela simplicidade,
sinceridade e pela constante vontade de melhorar. Sua família valorizava a
participação na Santa Missa e a leitura da Bíblia, que faziam juntos com
frequência.
Seus pais, Luiz José e Zélia, tiveram oito
filhos, mas quatro deles faleceram ainda pequenos. Desde cedo, Teresinha
demonstrava franqueza e sensibilidade. Um exemplo disso foi quando, após
discutir com sua irmã Maria Celina, procurou sua mãe para contar o que havia
acontecido:
– “Mamãe, dei um empurrão em Maria Celina!”
– “Filha, isso não se faz!”
– “E bati nela também!”
– “Não devia ter feito isso! É pecado!”
– “Mas prometo não fazer mais.”
– “Bem... então está perdoada!”
Teresinha também desenvolveu desde cedo um
senso de espiritualidade. Conversava com naturalidade diante de uma imagem de
Nossa Senhora e, ajoelhada diante do crucifixo, expressava suas reflexões.
Certo dia, ao passear com o pai, observou o céu e disse: “Veja, papai, como
Deus me ama! Ele até escreveu a letra ‘T’ de Teresinha com estrelas lá no céu.”
Aos 11 anos, em 8 de maio de 1884, recebeu a
Primeira Comunhão, experiência pela qual se preparou com muito cuidado. Isso a
motivou ainda mais a viver de forma bondosa, chegando a competir amigavelmente
com sua irmã sobre quem realizaria mais gestos de amor ao longo do dia. Sempre
que encontrava alguma criança com fome ou frio, oferecia algo e falava do amor
de Jesus.
Antes de ingressar no Carmelo, Teresinha foi
inscrita, aos nove anos, na Obra da Santa Infância, hoje chamada de Infância e
Adolescência Missionária, reforçando seu desejo de viver a fé com atitude
missionária desde cedo.
Com apenas nove anos, manifestou o desejo de
ser religiosa carmelita. Esse sonho se concretizou com uma permissão especial
do Papa Leão XIII, e aos 15 anos, ela ingressou no Mosteiro das Carmelitas de
Lisieux. Aos 16, já fazia parte da vida monástica, onde viveu com espírito de
caridade, simplicidade evangélica e profunda confiança em Deus. Uma de suas
frases mais conhecidas resume sua visão de vida: “Passarei meu céu fazendo o
bem na terra.”
Um acontecimento marcante em sua trajetória
foi o caso de um homem condenado à morte, que havia rejeitado a fé. Teresinha
passou a rezar por ele com fervor e se alegrou ao saber que, pouco antes de sua
execução, o homem pediu um crucifixo e o beijou com respeito, gesto
interpretado como sinal de conversão.
Nos últimos anos de vida, enfrentou a
tuberculose, oferecendo seu sofrimento em intenção dos missionários. Faleceu em
30 de setembro de 1897, aos 24 anos de idade. Embora tenha vivido em clausura,
sua espiritualidade missionária se expressava por meio da oração, do sacrifício
e do amor.
Em 1927, o Papa Pio XI declarou Santa Teresinha Padroeira das Missões, ao lado de São Francisco Xavier. Sua festa litúrgica é celebrada no dia 1º de outubro. Sua vida é reconhecida por ter transformado a realidade do convento em um exemplo de dedicação à humanidade, unindo simplicidade e grandeza em sua caminhada espiritual.
São Francisco Xavier
A
história de São Francisco Xavier começa no castelo de Xavier, localizado na
região de Navarra, na Espanha. Ele nasceu em 7 de abril de 1506, filho de Dom
João e Maria Xavier. No castelo da família, havia um espaço que Francisco
considerava especial: a capela. Ali, ele costumava se ajoelhar diante do
crucifixo e refletir sobre o significado do amor representado por aquela figura
central do cristianismo.
Desde
jovem, demonstrava interesse pelos estudos. Para se preparar melhor, mudou-se
para Paris. Na capital francesa, tornou-se professor e conheceu Inácio de
Loyola. A amizade entre eles cresceu, e junto com mais cinco colegas fundaram a
Companhia de Jesus, também conhecida como os jesuítas.
Com
o tempo, o grupo atraiu novos membros e se expandiu pelo mundo com o objetivo
de promover a educação e compartilhar valores religiosos. Entre os que seguiram
essa missão, alguns vieram para o Brasil, como o padre Manuel da Nóbrega e o
padre José de Anchieta.
Francisco Xavier dedicou-se especialmente à Ásia, com destaque para sua atuação no Japão e na Índia. Foi um missionário incansável, percorrendo grandes distâncias para comunicar sua mensagem. Durante seu trabalho, demonstrava preocupação em alcançar o maior número possível de pessoas. Para isso, contava também com a colaboração das crianças locais
Em
seus escritos, Francisco relatava que a cada dia crescia o número de pessoas
interessadas em aprender. Por receio de que recusas os desanimassem, ele optou
por enviar crianças a diferentes bairros, como mensageiras. Elas levavam
orações impressas, tocavam os doentes com o rosário ou aspergiam água benta. Ao
retornarem, estavam visivelmente felizes, relatando suas experiências com
entusiasmo, sentindo-se parte de algo maior.
Após
muitos anos de trabalho intenso, Francisco Xavier ficou fisicamente debilitado
e adoeceu. Faleceu no dia 3 de dezembro de 1552, segurando um crucifixo e
pronunciando a frase: “Senhor, esperei em vós, não serei confundido eternamente”.
Com isso, encerrou sua trajetória como um dos principais nomes da evangelização
no Oriente.
Padroeiros das Missões
O
Papa Pio XI proclamou São Francisco Xavier, junto com Santa Teresinha do Menino
Jesus, como padroeiro universal das missões. Embora tenham vivido em séculos
diferentes, Francisco no século XVI e Teresinha no século XIX, ambos se
destacaram por sua dedicação missionária.
As
trajetórias dos dois são bastante distintas. Francisco faleceu aos 46 anos,
após percorrer vastas regiões do mundo. Teresinha, por sua vez, viveu até os 24
anos e permaneceu reclusa no convento das Carmelitas, em Lisieux. Enquanto
Francisco evangelizava ativamente por meio da palavra, Teresinha praticava a
meditação e a oração como formas de contribuição para a missão cristã.
Apesar
das diferenças, ambos compartilham um ponto essencial: a oração como base da
missão. Francisco unia a ação à espiritualidade, enquanto Teresinha
transformava sua vida silenciosa em serviço ao bem coletivo. A oração, nesse
contexto, é entendida como impulso para a ação e a reflexão.
A
comparação entre os dois mostra que todos podem ser missionários,
independentemente das circunstâncias. Pessoas com limitações físicas, por
exemplo, ou aquelas em situações de reclusão, podem viver a missão por meio de
gestos, atitudes ou da oração silenciosa. O importante é o compromisso pessoal
com valores de solidariedade, cuidado e entrega.
São Francisco Xavier, com sua presença ativa, e Santa Teresinha, com sua vida reservada, são exemplos diferentes de um mesmo ideal: viver com autenticidade e dedicação, contribuindo para transformar o mundo ao seu redor.