Quem foi Carlos de Forbin-Janson: O bispo que deu
origem à Infância e Adolescência Missionária
Carlos Augusto Maria de Forbin-Janson nasceu
em Paris, em 3 de novembro de 1785, no seio de uma influente família
aristocrática do sul da França. Desde cedo, demonstrou grande talento e
competência, o que o levou a ser nomeado auditor do Conselho de Estado aos 19
anos, ainda antes de completar duas décadas de vida. No entanto, o que poderia
ter sido uma carreira promissora na política e nos altos cargos do Império
Napoleônico, tomou um rumo surpreendente: aos 23 anos, renunciou às glórias
mundanas e ingressou no seminário, sentindo-se chamado ao sacerdócio em um
tempo de grande tensão entre a Igreja e o Estado francês.
Ordenado padre em 1811, Forbin-Janson logo se
destacou como pregador carismático e fervoroso missionário. Em 1824, foi
nomeado bispo de Nancy e Primaz de Lorena. Apesar da honra, enfrentou desafios
políticos que o forçaram a deixar a diocese apenas seis anos depois. Ainda
assim, jamais se afastou de sua missão: serviu à Igreja com fidelidade,
colocando-se sempre à disposição do Papa e da evangelização, especialmente em
tempos de perseguição e instabilidade.
Um
coração missionário que ultrapassou fronteiras
Movido por uma profunda espiritualidade
missionária, Forbin-Janson uniu-se ao padre de Rauzan e, juntos, fundaram a
"Missão da França", levando a Palavra de Deus às comunidades mais
distantes e carentes do país. Sua forma de evangelizar unia paixão,
conhecimento bíblico e dedicação incansável às pessoas, desde os mais humildes
até membros da realeza. Era conhecido por sua capacidade de improvisar sermões
com eloquência, sempre iluminado pela Sagrada Escritura.
Impedido de retornar a Nancy, tentou embarcar
para missões no Oriente, especialmente na China, mas acabou realizando
trabalhos missionários no Canadá e nos Estados Unidos. Nessas terras, colaborou
com bispos locais, pregando retiros, animando comunidades e fortalecendo a fé
entre os cristãos.
A
semente da Infância Missionária
Em 1843, Forbin-Janson se encontrou com
Paulina Jaricot, fundadora da Obra da Propagação da Fé, em Lyon. Inspirado pelas
dificuldades enfrentadas pelas crianças nas regiões mais pobres do mundo, ele
compartilhou com ela um desejo ousado: criar uma obra que envolvesse as
próprias crianças na missão de evangelizar. Paulina apoiou imediatamente a
ideia.
Assim nasceu a Obra da Infância Missionária,
com um lema simples e poderoso: “Criança evangeliza
e ajuda criança”. A proposta era oferecer às crianças do mundo
inteiro a oportunidade de viver a fé de forma ativa e solidária, promovendo o
batismo, a educação cristã e o protagonismo missionário desde a infância.
Em 19 de maio de 1843, a primeira Direção da
Obra estabeleceu seus objetivos:
- Salvar crianças da miséria física e
     espiritual;
 - Proporcionar-lhes a possibilidade do
     batismo e da formação cristã;
 - Estimular que se tornem evangelizadoras
     entre si.
 
Pouco mais de um ano depois, em 11 de julho de
1844, Carlos de Forbin-Janson faleceu. Contudo, seu legado missionário cresceu
rapidamente. Em pouco tempo, a Obra já estava implantada em 65 dioceses da
França, tornando-se a única entre as Obras Missionárias Pontifícias fundada
diretamente por um bispo.
A
Infância e Adolescência Missionária hoje
O crescimento da Obra foi marcante. Sua
presença não se limitou à Europa, alcançando nações de missão em diversos
continentes. Um exemplo significativo de sua influência foi a formação dos
primeiros padres nativos de Uganda, ordenados em 1913, que haviam participado
da Infância Missionária em sua juventude.
Atualmente, a Infância e Adolescência Missionária (IAM) está presente em mais de 130 países nos cinco continentes. Milhões de crianças e adolescentes participam ativamente dessa rede de solidariedade e evangelização, fortalecendo o espírito missionário da Igreja e contribuindo para a construção de um mundo mais justo, fraterno e cheio de esperança.

