1. A SEMENTE - Imaginemos uma paróquia,
comunidade, colégio ou escola na qual não exista a Infância e Adolescência
Missionárias (IAM).
Certo dia aparece um vigário novo, uma
irmã, um casal, uma criança ou jovem que ouviu falar ou leu ou tem experiência
de vida na IAM. Eles são a sementinha da qual pode surgir a grande árvore desta
Obra Missionária.
Toda semente precisa de um tempo de amadurecimento,
no qual normalmente fica escondida e sofrida, debaixo da terra. Assim também,
quem tem a primeira ideia deverá começar a falar sobre ela com outras pessoas,
com os responsáveis da comunidade, com pessoas entrosadas na vida da Igreja
local e sensíveis à nova proposta.
2. O TERRENO - De nada adianta ter uma
semente, se não possuirmos um terreno onde plantá-la. Tratando-se de Obra
Missionária católica, o terreno será a paróquia, a comunidade local,
colégios...
O primeiro passo a ser dado para
implantar a IAM num lugar é falar com os responsáveis da Igreja local: pároco,
líder da comunidade, conselho pastoral... Sem o apoio e a aprovação da
liderança da Igreja local, não se deve começar a IAM. No caso de escola ou
colégio, é necessária também a aprovação da direção da instituição, e que seja
fora do horário de aula.
3. A EQUIPE - A IAM não é obra de uma
pessoa. Uma vez colocada a semente e garantido o espaço na Igreja local, é
necessário que se forme uma equipe de, pelo menos, três ou quatro pessoas
responsáveis, que se disponham a levar em frente este trabalho. Devem ser
pessoas com alguma experiência em pastoral, mas não podem estar tão atarefadas,
a ponto de não terem tempo para esta nova atividade. Sugerimos que procurem
essas pessoas, sobretudo, entre casais e jovens com mais de 15 anos de idade,
com uma vida cristã coerente.
Vale a pena procurar pessoas
aposentadas, que se identifiquem com o carisma da IAM. Há muitas delas que
ficariam felizes, se fossem convidadas para um engajamento. Elas têm várias
vantagens: longa experiência no trato com crianças e adolescentes, como pais e
avós, professores e professoras, profissionais de saúde e de outras áreas
sociais, etc.
4. O PREPARO - Esta “Equipe Fundadora”
deverá primeiro estudar a Obra que pretende implantar: história, carisma,
diretrizes e orientações, metodologia de trabalho, espiritualidade, objetivos e
finalidades.
Tudo isso se consegue lendo os
documentos, sobretudo, as Diretrizes e Orientações da IAM (que podem ser
encontrados nas Pontifícias Obras Missionárias — POM); visitando grupos e
lideranças da IM já experientes; participando de cursos de formação com a
orientação do(a) Responsável Diocesano(a) ou Regional da IAM, ou um(a) seu/sua
representante.
Esta preparação leva, pelo menos, de dois a três
meses.
5. O CONVITE - Quando a equipe estiver em
condições, começará o trabalho de divulgação da Obra. Trata-se de um momento
bastante delicado. Queremos formar grupos de missionários, ou seja, de crianças
e/ou adolescentes que, supõe-se, possuam conhecimento da fé de acordo com a sua
idade. O convite, portanto, deve se estender a todas as crianças e/ou
adolescentes da paróquia, da escola ou da comunidade. Campos privilegiados para
lançar o chamado são: as famílias engajadas na vida da paróquia ou comunidade,
as turmas da catequese e escolas onde existe um bom trabalho de Ensino
Religioso Escolar (ERE).
6. A SELEÇÃO - O convite para participar do grupo da
Infância ou da Adolescência Missionária não deve ser fruto de uma “campanha publicitária”
massiva, como se tratasse de “vender” um produto barato. Pelo contrário, deve
apresentar a crianças e adolescentes a seriedade do compromisso que estão
assumindo. Oração, sacrifício e solidariedade (S.O.S.), sem limites
geográficos, culturais, religiosos, raciais e políticos: estas são as
características da IAM. Aderir à IAM significa renunciar ao comodismo, ao
consumismo, à alienação diante dos grandes problemas da humanidade.
A Equipe que fizer o convite precisa
ser muito clara na sua proposta: disponibilidade para uma reunião semanal com o
grupo, tarefas a serem desenvolvidas durante a semana, vida de grupo,
participação nas atividades da paróquia e comunidade...
7. O GRUPO - As crianças e adolescentes que
aceitarem a proposta deverão ser organizados em grupos de 12 crianças e/ou
adolescentes, ou conforme a realidade local, em que cada grupo seja acompanhado
por um assessor ou assessora adulta ou jovem a partir de 15 anos. A formação
dos grupos pode respeitar os laços de amizade existentes. Evitando correr o
risco de grupos fechados e excludentes.
Lembrete: Na formação de grupos, levar
em consideração a faixa etária das crianças e adolescentes.
8. A METODOLOGIA - A Infância e Adolescência
Missionária têm um método de trabalho e de formação próprio, chamado de Quatro
Áreas Integradas. Isto significa que cada tema, cada assunto, é trabalhado em
quatro perspectivas diferentes, porém integrados, que interagem:
- Realidade Missionária;
- Espiritualidade Missionária;
- Compromisso Missionário;
- Vida de Grupo.
É importante acrescentar que a
perspectiva, em todos os momentos da vida da IAM, deve ser
missionário-além-fronteiras, ou seja, deve alimentar-se e crescer na solidariedade
espiritual e material com todos os povos do mundo. Na paróquia, na escola, na
comunidade, na vida social... os membros da IAM devem tornar presente o mundo
inteiro, com suas alegrias, dores e esperanças.
Esta dimensão, voltada para o outro, deve
repercutir na espiritualidade dos membros da IAM: uma espiritualidade
“samaritana”, que os aproxima dos caídos à beira do caminho, prestando-lhes
socorro, derramando sobre eles o óleo da caridade e o vinho da Palavra,
acompanhando sua recuperação, fazendo-se realmente próximos, como Jesus se fez
próximo de nós e nos deixou o recado missionário: “Vão e façam a mesma coisa!”.
Neste sentido, a escolha das orações,
dos cantos, das leituras bíblicas, dos modelos de vida... tudo deve ser
coerente com a opção missionária feita.
9. A ORGANIZAÇÃO - Nos primeiros meses, o
grupo das crianças ou dos adolescentes missionários deverá ser orientado pelo
Assessor(a), que preparará seus membros para caminharem sozinhos.
Na primeira reunião, após o período de
orientação, as crianças ou adolescentes farão a escolha para preencher as
funções necessárias ao bom funcionamento do grupo: coordenador(a),
vice-coordenador(a), secretário(a), tesoureiro(a), responsável pela oração,
encarregados das várias funções. É bom que todos os membros do grupo tenham sua
função.
A partir do momento da escolha, o grupo
tem vida própria. O assessor(a) continua acompanhando o grupo, preparando os
encontros junto com o coordenador ou coordenadora, resolvendo possíveis
conflitos ou dúvidas, e garantindo a fidelidade ao carisma da IAM: mas não
dirigem o grupo.
Lembrete: A Coordenação têm a duração
de um ano, podendo haver reeleição por mais um ano. Caso seja necessário, o
coordenador(a) poderá ser mudado em qualquer momento.
10. A FORMAÇÃO DOS COORDENADORES - Crianças e adolescentes
não nascem prontos, para dirigir o grupo. Precisam de preparação. Isto será
feito pessoalmente pelo assessor(a). Mas também cada ano a paróquia ou um grupo
de paróquias organizará um Encontro de Líderes Missionários (ELMI), com o
objetivo de capacitar crianças e adolescentes a exercer a função de
coordenadores(as) dos diversos grupos.
O ELMI, portanto, não é um encontro de
palestras, mas uma oficina de capacitação, na qual deve prevalecer o estudo de
dinâmicas de grupos, de técnicas de trabalho que estimulem o protagonismo de
cada membro do grupo, que ensinem a respeitar as diferenças, sem renunciar ao
trabalho de conjunto.
Para obter bons resultados, os
participantes do ELMI não devem superar o número de 25-30 pessoas, e o encontro
terá a duração de dois dias, corridos ou em duas datas diferentes, próximas uma
da outra.
É aconselhável fazer um ELMI para
coordenadores(as) dos grupos de crianças e outro para adolescentes.
11. A FORMAÇÃO PERMANENTE DOS
ASSESSORES - Os/As
Assessores(as) são a alma da IAM. Deles depende em muito a perseverança das
crianças e adolescentes, a fidelidade ao carisma da Obra, o trabalho de
conjunto com as pastorais da Igreja local, a abertura aos problemas do mundo e
a atenção aos acontecimentos que merecem o engajamento das crianças e
adolescentes.
Para isso também os assessores(as)
precisam cuidar muito da sua formação permanente. Como programa ideal sugerimos
— além do estudo pessoal de livros e revistas missionárias — um EFAIAM
(Encontro de Formação para Assessores(as) da IAM) cada ano e encontros
periódicos de meio dia para estudo de um tema específico, conforme as
necessidades e calendário preparado anualmente com a coordenação paroquial da
IAM.
É recomendável — e diríamos, quase
necessário — participar dos encontros e cursos de formação para os catequistas,
de cursos bíblicos e de outras atividades formadoras oferecidas pela Igreja
local. Também sugerimos que nos Encontros de Formação dos Assessores(as) da IAM
sejam convidados os catequistas e professores de Ensino Religioso Escolar com
quem queremos fazer uma caminhada de conjunto.
12. TRANSBORDAR - A IAM deve estar aberta,
para ser multiplicadora do ideal missionário no meio do Povo de Deus. Mesmo
tendo como carisma a atenção para o que existe além-fronteiras, não descuida
das necessidades locais, com preferência pelas situações missionárias que
existem dentro da paróquia e comunidade.
Há categorias de pessoas, situações
sociais e humanas que ficam além das fronteiras das pastorais normais ou dos
cuidados de seus agentes. A IAM deveria ser a Obra que assume as tarefas que
ninguém quer enfrentar, porque perigosas, difíceis, esquecidas.
Por isso os Assessores(as) da IAM
precisam ter um relacionamento de aliados com as pessoas, grupos, instituições,
mesmo não-eclesiais, que cuidam de crianças e adolescentes em situações de
risco ou mesmo já vítimas da sociedade. Devem, portanto, cuidar de colaborar
firmemente com o Conselho Tutelar, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e
do Adolescente, Conselho de Saúde, de Educação, da Merenda Escolar, Pastoral da
Criança, etc.
Ser missionário(a) significa ignorar os
confins, ir além. Este é nosso carisma.
Veja mais:
- Metodologia das Quatro Áreas Integradas